Desenvolvimento em curso para região austral na Linha do Caminho de Ferro de Angola
A Estação Ferroviária, do Aeroporto do Luau e a Ponte Ferroviária Transfronteiriça sobre o rio com o mesmo nome (Luau), na província do Moxico, infra-estruturas inauguradas pelo Chefe de Estado angolano, José Eduardo dos Santos, no quadro de uma visita de algumas horas efectuada sábado, nessa região leste do país, marca o virar da página na história ferroviária de Angola, com vista o desenvolvimento da região austral e central do continente africano.
Considerado o segundo pólo de desenvolvimento económico da província, depois do município do Moxico (sede), Luau assume-se como centro de desenvolvimento do leste do país, com os empreendimentos estruturantes que possui, aliado à sua posição geopolítica.
A inauguração da Estação do Luau dá por fim da paralisação de cerca de 40 anos da circulação do comboio nesta região e que desta forma, o município (Luau) começa a transformar-se numa “gigantesca porta de entrada” para a integração regional de África e aproximar a zona Austral do continente, como uma área de comércio livre, impulsionando as trocas comerciais, reforçando as relações e sustentando as bases para que Angola seja uma potência continental.
Testemunharam a cerimónia inaugural da Estação e a Ponte Transfronteiriça Ferroviária do Luau, tendo a reabilitação e modernização de linha férrea um total de 2612 quilómetros uma e a Ponte metálica ferroviária que interliga Angola e a RDC uma capacidade de suportar 400 toneladas e 40 metros de cumprimento e 6 metros de altura, os presidentes da República da Zâmbia, Edgar Chagwa Lungu e da República Democrática do Congo, Joseph Kabila, países que partilham uma fronteira terrestre na parte leste com o Moxico, República de Angola.
Doravante com a conclusão pela parte angolana do extenso ramal ferroviário do Projecto Corredor do Lobito, faltará a conclusão do mesmo, da parte limítrofe fronteiriça com estes dois países, estando o início das obras dos mesmos (ramais) para breve.
Para o cumprimento desta empreitada, segundo palavras do ministro angolano dos Transportes, Augusto Tomás, foram já rubricados vários acordos de cooperação com as entidades destes dois países africanos membros da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).
De acordo com o titular da pasta dos Transportes, Augusto Tomás, o programa de reabilitação e modernização dos Caminhos de Ferro de Angola (CFA) representou ao longo da última década, entre 2005 e 2015, um investimento próximo dos 3,5 bilhões de dólares americanos e que deste valor, a parcela correspondente ao Caminho de Ferro de Benguela é, aproximadamente, de 1,9 bilhões de dólares.
O processo de reabilitação e modernização do ramal do Caminho-de-Ferro de Angola incluiu a instalação de uma rede de fibra óptica e de equipamentos de sinalização e segurança em toda a extensão das linhas, bem assim a construção de pontes, pontões, passagens de nível e valas de drenagem.
De igual modo, para o asseguramento e comodidade dos passageiros foram construídas de raiz 151 estações ferroviárias, de entre estações especiais, de primeira, segunda, terceira classes e apeadeiros, incluindo a Estação de primeira classe do Luau, bem como a aquisição de 42 locomotivas, 248 carruagens de várias tipologias e 263 vagões.
A Estação do CFB, que vai impulsionar o desenvolvimento do “Corredor do Lobito”, localiza-se na sede da vila, numa área de 2891,42 metros quadrados, e é composta por uma Gare principal de passageiros, edifício técnico de telecomunicações e sinalização, além de três plataformas para embarque e desembarque de passageiros.
Por conseguinte, a retomada da circulação do comboio do CFB, do Lobito ao Luau/Dilolo (RDC), passa a constituir uma alavanca importante e determinante para o desenvolvimento socioeconómico não só das populações dos países desta região da SADC, atendendo que a mesma impulsiona a rápida aplicação dos projectos que promovem e desenvolvem a vida das populações angolanas, congolesas democrática e zambianas, bem como outros da África Austral e Central
Entretanto, ao chegar para inauguração da Ponte, o Presidente José Eduardo dos Santos, acompanhado dos seus homólogos zambiano e congolês democrático, muito ovacionados por milhares de populares das duas regiões que se posicionaram em paralelo à margem do rio, onde testemunharam a importante cerimónia, os três presidentes viajaram até o local de comboio, da sede do município do Luau até ao posto fronteiriço do Luau, que tem ligação com a entrada para vila do Dilolo, República Democrática do Congo (RDC).
Num futuro próximo pretende-se que os abundantes e muito valiosos recursos minerais das regiões do Katanga, na RDC e do Cooperbelt, na República da Zâmbia, possam ser exportados utilizando o caminho-de-ferro de Benguela e o Porto do
Lobito. Essas mesmas vias deverão também ser utilizadas para a importação e exportação de outros tipos de produtos.
Ao cumprirem esta intenção Angola, Zâmbia e RDC querem de facto, desta forma, dar as mãos para alavancar o desenvolvimento económico dos seus países e para a promoção do bem-estar dos seus povos, em particular e na generalidade da sub-região austral do continente africano.
Já no aeroporto doméstico do Luau, baptizado com o nome do general Rafael Sapilinha Sambalanga opção, feita pelo facto, deste já falecido combatente ter contribuído com o espírito patriótico e revolucionário, na luta de libertação nacional de Angola, o Mais Alto Mandatário da Nação angolana, José Eduardo dos Santos, após inaugurar a infra-estrutura, percorreu algumas áreas de serviço da mesma tendo na ocasião recebido explicações sobre o seu funcionamento.
O aeroporto moderno possui uma pista de dois mil e 600 metros de comprimento e 45 de largura, construído no âmbito do programa de desenvolvimento de Angola, elaborado pelo Executivo angolano.
A infra-estrutura aeroportuária está localizada 10 quilómetros, a nordeste da vila do Luau e comporta uma aerogare com um design moderno, para 70 passageiros em hora de embarque e desembarque, totalizando na hora de pico 140 passageiros.
A aerogare possui dois balcões de check-in, duas balanças, uma área vip para 20 passageiros, um banco, dois bares, área comercial e salas de embarque e desembarque que possuem cada duas portas (entrada e saída) e está apetrechado com outros meios técnicos e de telecomunicações.
O município do Luau com uma estrutura arquitectónica própria, dividida em quarteirões e com ruas paralelas horizontais e verticais largas, numa simbiose com jardins, a região é maioritariamente habitada pelo povo da etnia Cokwe, que ocupa vasta zona, seguido dos Luvales, Luchazes, Umbundo e Bundas, e explora agricultura, a madeira, mel e pesca artesanal (principais recursos naturais da região).
Geograficamente, o município elevado a esta categoria a 28 de Agosto de 1956 faz fronteira a leste com a República Democrática do Congo (RDC), a norte com o do Muconda (Lunda Sul), a oeste com o Luacano e a sul com o Alto Zambeze.
A circunscrição possui uma extensão territorial de três mil e 893 km2, com um clima tropical húmido, havendo duas estações principais, nomeadamente a chuvosa (a mais quente) que vai de Outubro a Abril e do cacimbo (a mais seca e fria), que decorre de Maio a Setembro.