Conferência em Luanda sobre combate à rebelião

Fotografia: AFP

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O secretário executivo da Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos (CIRGL), Ntumba Luaba, está desde ontem em Luanda, para durante três dias abordar com as autoridades angolanas a situação política e de segurança na região.

No centro das conversações com o presidente da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos, José Eduardo dos Santos, está a identificação de soluções para combater as forças negativas que continuam a incomodar alguns países da região.
Os Chefes de Estado da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) reúnem quinta e sexta-feira da próxima semana, em Luanda, para decidir como desarmar os rebeldes ruandeses que perturbam o Leste da República Democrática do Congo (RDC) e recusaram render-se perante um ultimato.
Menos de um quarto dos combatentes das Forças Democráticas para a Libertação do Ruanda (FDLR) se entregaram antes do prazo de 2 de Janeiro estabelecido pelos líderes regionais. O Presidente sul-africano e em exercício do órgão de defesa da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) disse que apenas 337 rebeldes se renderam dentro do prazo estabelecido no ultimato e que as Forças Democráticas para a Libertação do Ruanda “não cumpriram plenamente as condições impostas”.
O Presidente Jacob Zuma informou que os Chefes de Estado da região vão reunir-se para decidir a forma de responder à recusa de rendição e acrescentou que a SADC está pronta a desempenhar a sua parte.
“A SADC lança um apelo sério e urgente à liderança das Forças Democráticas para a Libertação do Ruanda e a todos os restantes combatentes para se apresentarem imediata e incondicionalmente para o desarmamento”, afirma Jacob Zuma num comunicado citado pela France Press.
Os rebeldes das Forças Democráticas para a Libertação do Ruanda são entre 1.500 e 2.000, alguns dos quais são acusados de terem participado no genocídio de 1994 no Ruanda. Opõem-se ao Governo do Presidente do Ruanda, Paul Kagame.
Os rebeldes das Forças Democráticas para a Libertação do Ruanda estão baseados há anos na fronteira leste da RD Congo, onde são acusados de praticar ataques brutais contra civis, incluindo violações e assassinatos, além de contrabando de ouro e carvão. Em Outubro de 2013, o Exército congolês e uma força da ONU constituída por militares da África do Sul, Tanzânia e Malawi forçou à rendição do M23, um outro grupo rebelde que actuava na RD Congo.
O porta-voz da ONU anunciou os preparativos para uma ofensiva militar no leste da RDC contra os rebeldes das Forças Democráticas de Libertação do Ruanda na sequência do fim, na semana passada, do ultimato dado pela SADC e pela Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos para a sua rendição “sem nenhuma condição”. Stephane De Jaek sublinhou que a solução militar deve ser incluída numa estratégia global. Mas  comporta outras iniciativas não militares e que consideram a dispersão das Forças Democráticas para a Libertação do Ruanda. Referiu que nenhuma rendição foi registada. A ONU afirma que os líderes das Forças Democráticas para a Libertação do Ruanda estão entre os implicados no genocídio de 1994 no Ruanda.
O chefe da missão da ONU na RDC elogiou as operações contra grupos armados na República Democrática do Congo e apelou aos rebeldes para aproveitarem a oportunidade para a paz. Uma operação conjunta de tropas das Nações Unidas e do Exército congolês permitiu o controlo das principais bases usadas por um grupo armado que está a ameaçar a segurança e estabilidade no leste da RD Congo. As bases usadas pela Frente de Libertação Nacional (FNL) estavam numa área da província de Kivu Sul.
A operação conjunta contra a Frente de Libertação Nacional é um forte sinal para todos os grupos armados, incluindo as Forças Democráticas para a Libertação do Ruanda e “o único caminho em direcção à paz é o desarmamento voluntário”, disse Martin Kobler.
Estas declarações foram feitas após um ataque conjunto da Missão da ONU e do Exército congolês contra as Forças Democráticas Aliadas do Uganda, no Kivu Norte, e a prisão do líder da Força de Resistência Patriótica em Ituri, Cobra Matata.

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