Baixa de Cassanje fez história
O ministro dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, Cândido Pereira dos Santos Van-Dúnem, reconheceu, ontem, em Luanda, que o gesto de coragem e determinação dos camponeses da Baixa de Cassanje vai ser lembrado para sempre pelo povo angolano.
Cândido Pereira dos Santos Van-Dúnem, que falava durante o acto provincial do Dia dos Mártires da Repressão Colonial, acrescentou que este é um momento de todos os angolanos se unirem para que o país tenha um desenvolvimento progressivo.
“Nunca devemos esquecer que muitos angolanos deram as suas vidas para ter uma Angola livre e independente, onde seus filhos possam viver sem repressão”, disse Cândido Pereira dos Santos Van-Dúnem.
O ministro dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria afirmou, ainda, que foi a revolta dos camponeses da Baixa de Cassanje que permitiu despertar para a resistência contra o domínio colonial português.
“Foi com o sangue derramado pelos camponeses que os angolanos ganharam consciência e assumiram com determinação a vontade de lutar pela sua dignidade”, frisou o ministro dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria.
“Os acontecimentos da Baixa de Cassanje jamais serão esquecidos, porque fazem parte da história de luta que culminou com a conquista da Independência Nacional proclamada a 11 de Novembro de 1975” disse o ministro. O governador de Luanda, Graciano Domingos, afirmou na cerimónia que a repressão colonial durante cinco séculos nunca tirou as esperanças do povo angolano de ser livre e independente.
“Por isso, ao longo dos anos muitos angolanos foram massacrados mas nunca venderam a sua determinação de ter a sua nacionalidade e ser respeitados, queremos render o tributo a todos aqueles que morreram em prol da liberdade do nosso país”, disse o governador de Luanda.
Graciano Domingos destacou que os esforços feitos no passado reflectem-se na boa liderança que o povo angolano tem actualmente para criar políticas de desenvolvimento sustentável. “Agradecemos a escolha da nossa província para acolher este acto histórico, que jamais vai ser esquecida pelas futuras gerações de angolanos”.
Homenagem em Cabinda
A província de Cabinda comemorou o dia dos mártires de repressão colonial com a deposição de uma coroa de flores junto ao Túmulo do Soldado Desconhecido pela governadora provincial Aldina da Lomba, no cemitério municipal da cidade. A cerimónia contou também com a presença de membros do Governo Provincial, autoridades tradicionais, responsáveis dos órgãos de defesa e segurança e antigos combatentes. O secretário provincial dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, Feliciano Lopes Toco, disse que o dia 4 de Janeiro é uma data histórica por ser o momento em que os angolanos rendem homenagem “aos que, neste dia, em 1961, se revoltaram contra o colonialismo português e cuja revolta culminou com o massacre da Baixa de Cassanje”.
Para o secretário provincial dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, a coragem manifestada por aqueles camponeses valeu “por ter sido uma epopeia que marcou o início de uma acção gloriosa que culminou na conquista da Independência Nacional”. Feliciano Lopes Toco disse que tem em carteira, para o presente ano, acções tendentes a dignificar o antigo combatente, aguardando apenas pelo orçamento atribuído à instituição.
O papel dos heróis
O governador de Malanje considerou no município do Quela que a região dispõe de um manancial histórico que precisa de ser explorado para actualizar as novas gerações sobre o passado histórico do país.
Norberto dos Santos “Kwata Kanawa”, que falou no acto que marcou os 54 anos dos mártires da repressão colonial, pediu aos jovens para valorizarem os feitos dos mais velhos, caso contrário, “vamos pensar que a independência em Angola foi dada de bandeja, sem sofrimento, o que não é verdade”.
Durante o acto, os sobas Kima Teca e Teka dia Kinda recordaram os massacres na Baixa de Cassanje. O governador “Kwata Kanawa” destacou a forma como os sobas souberam situar os presentes sobre os tristes acontecimentos, volvidos tantos anos e chamou à atenção para a necessidade de se dedicar mais atenção à localidade de Teca dia Kinda.
Aos jovens, o governador de Malanje deixou um pedido: “Oiçam cada vez mais estas informações e palestras para sentirem quanto custou chegar à Independência Nacional”.