Empregos na TAAG estão isentos de risco

Fotografia: Francisco Bernardo
O ministro dos Transportes, Augusto Tomás, descartou qualquer hipótese de despedimento de trabalhadores da companhia aérea angolana de bandeira no âmbito do acordo de gestão celebrado recentemente entre a TAAG e a Emirates, dos Emiratos Árabes Unidos.
Augusto Tomás falava à imprensa, à margem da reunião da Comissão Económica do Conselho de Ministros, onde apresentou os detalhes sobre o acordo, que, como disse, vai “afectar de modo positivo todas áreas da vida da TAAG, com vista a torná-la melhor e virada para o futuro”.
O ministro admitiu a hipótese de haver movimentação a nível de pessoal, mas no sentido de tirar maior proveito da vocação e do potencial de cada um. “Pode haver reconversão de alguns trabalhadores que possam eventualmente ser transferidos para outras áreas dos transportes e do sector aéreo, em particular”, disse o ministro.
Augusto Tomás acrescentou que, de modo a permitir o “gradual equilíbrio da empresa do ponto de vista financeiro”, foi também considerada a criação de “condições de protecção na velhice” para trabalhadores em idade de reforma.
De forma indirecta, o ministro falou de excedente de trabalhadores ao citar o exemplo da própria Emirates, cuja rácio (trabalhador/equipamento) é de “um para 70, quando na TAAG é de um para 300”. “Estão a ser vistos todos os aspectos que devem ser acautelados de modo a proteger os interesses dos cidadãos angolanos. Estamos a tomar medidas tendo em conta os interesses da TAAG, da economia do país e dos trabalhadores em geral”, tranquilizou.
Segundo Augusto Tomás, as medidas de intervenção, previstas no acordo, vão alterar o modelo de governação, para que a companhia tenha uma gestão mais profissional, de acordo com o melhor que existe a nível internacional. “Por isso queremos aprender com os melhores e praticar normas e acções nos melhores padrões internacionais a nível da aviação civil”, declarou.
Saneamento financeiro
Ao tornar a empresa mais eficiente e com resultados mais eficazes, referiu o ministro, “estaremos a contribuir para o seu saneamento financeiro, torná-la mais rentável e a prestar melhores serviços aos passageiros”. Augusto Tomás alertou para a necessidade de olhar para o acordo com a Emirates, numa perspectiva global de uma aposta do Governo angolano no sector dos transportes, focada na inserção de Angola na região e no continente africano.
O ministro lembrou aos jornalistas o investimento no novo aeroporto internacional de Luanda, um empreendimento de grande dimensão, que, como disse, vai colocar a capital do país na rota do mundo, interligando os principais destinos internacionais. “É no quadro desta complementaridade de sistemas de transporte (aéreo, ferroviário, marítimo e rodoviário) que deve ser interpretado também esse acordo com a Emirates, dentro de uma estratégia global de Angola na região e em África”, sublinhou.
Soberania intacta
O ministro esclareceu que o facto de a companhia de bandeira passar a ter um conselho de administração integrado por expatriados, em nenhum momento se põe em causa a soberania angolana. “A TAAG é uma empresa pública e continuará a sê-lo. A questão legal da empresa está salvaguardada, pois que o acordo cinge-se única e exclusivamente à gestão da companhia, tal como a própria Emirates, que tem o presidente de nacionalidade inglesa, os seus vices um é francês e o outro do Canadá”.
Transferência de saber
Para Augusto Tomás, há que valorizar a transferência e ao mesmo tempo a aquisição de competências, de “know-how” e de tudo aquilo que se faz de bom actualmente no mundo da aviação civil. “Queremos uma nova cultura de trabalho na companhia, a nível da gestão dos seus activos, dos passageiros e dos trabalhadores, que faça da TAAG uma referência na região, no continente e no mundo”, frisou Augusto Tomás.
Com o aval positivo a nível da Comissão Económica, começa a implementação do acordo. Ontem mesmo estava previsto a realização de uma reunião de cúpula para esclarecimentos sobre o acordo às empresas e serviços da aviação civil, e a todo o instante é aguardada uma equipa de técnicos da Emirates para uma avaliação pormenorizada do sector, um trabalho essencial para definição de um cronograma de acções.
O ministro dos Transportes valorizou o facto de ser a primeira vez que a Emirates tem um acordo nos moldes do que foi celebrado com a TAAG, e sublinhou que foi precisamente o conhecimento da realidade angolana, do seu potencial e da sua posição geoestratégica, que motivou a companhia aérea internacional dos Emiratos Árabes Unidos a estabelecer essa aliança estratégica com Angola.
\”Angola Open\”
Na sessão de ontem da Comissão Económica também foi dada luz verde à inclusão de Angola no circuito internacional de golf, com a organização de um torneio anual denominado Angola Open a partir de 2016.
O ministro da Juventude e Desportos disse que há mais de um ano que começaram conversações entre o seu gabinete e os organizadores do European Tour de Golf, uma competição da PGA, que é a organização mundial de Golf profissional. O Governo angolano anuiu depois de ponderadas as condições de ingresso, disse Gonçalves Muandumba. “Levamos esse tempo todo para analisar as condições, como sabem o golf começa a despontar no nosso país, particularmente em Luanda, que já tem um número significativo de golfistas”, declarou o ministro.
Gonçalves Muandumba destacou as razões que levaram a organização mundial de Golf profissional a escolher Angola para acolher uma das etapas do circuito internacional de golf. “Fomos escolhidos porque a organização considera Angola um novo destino seguro e próspero para o golf, mas também pelo bom nível organizativo dos eventos internacionais que acolhemos, como o mundial de hóquei em patins e os campeonatos africanos de futebol e de basquetebol”, disse.
Paisagem convidativa
Segundo o ministro, para a escolha de Angola também foram tidas em conta as condições naturais propícias para a prática da modalidade. “Temos um dos melhores campos de golf, sobretudo na região africana, sobretudo o campo dos Mangais, um espaço que junta uma paisagem convidativa ao turismo, com o rio kwanza e o mar e ainda as belezas da Quiçama”.
A região, frisou o ministro, oferece excelentes condições para o turismo e para a prática do golf. “Passaremos a ter todos os anos esse grande evento que traz os melhores atletas de golf do mundo, homens de negócios e imprensa. O evento será aproveitado para desenvolver a modalidade, criar empregos temporários para jovens, potenciar o sector hoteleiro e de restauração. Uma combinação do desporto e o turismo”.
Gonçalves Muandumba esclareceu que a organização do Angola Open é privada e o Governo presta apenas apoio institucional. “Há também uma garantia de cerca de 20 por cento que é dada pelo país que acolhe o torneio, e o restante fica sob a responsabilidade da organização através de patrocinadores, dentro e no exterior”, referiu.
Tópicos da Agenda
Durante a sessão foi apreciado o Programa de Investimentos Públicos (PIP) para 2015, um memorando sobre a participação de Angola nas reuniões anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, e um relatório da comissão de trabalho que acompanha a situação da Caixa de Segurança Social das Forças Armadas Angolanas.
Foram ainda apreciados vários documentos do Banco Nacional de Angola, entre os quais o instrutivo que define as metodologias a adoptar para a definição dos montantes mínimos de provisões que devem ser constituídas pelos bancos e um aviso sobre os requisitos para as operações de crédito efectuadas pelas instituições financeiras sob a supervisão do BNA.