Governante destaca afirmação da língua portuguesa

Foto: Alberto Julião

Foto: Alberto Julião

A língua portuguesa em Angola fez uma trajectória de afirmação do património partilhado, na medida em que desde os primórdios, até ao período mais crítico da sua história, os angolanos transformaram-na na principal arma da luta contra o sistema opressor, afirmou hoje, quinta-feira, em Luanda, a ministra da Cultura, Rosa Cruz e Silva.

De acordo com a governante, que orientou a cerimónia de abertura do III Congresso Internacional de Língua Portuguesa, que Luanda acolhe até ao próximo dia 20, por essa via, os angolanos tornaram a língua portuguesa mais adequada aos contextos culturais do país.

“Nessa medida, a língua portuguesa alcançou estatuto, tal como versa a Constituição angolana. Ela merecerá melhor tratamento dos estudiosos para que o seu ensino se revele cada vez mais apropriado, bem como o seu conhecimento. Esse exercício deverá ser feito em paralelo com as demais línguas nacionais com que convive e que lhe deram a força que adquiriu hoje“, Adiantou.

Rosa Cruz e Silva considera imperioso que se conheçam os principais entraves que se assiste em relação a língua portuguesa para que não se comprometam os objectivos preconizados, nomeadamente na transmissão do conhecimento e dos valores civilizacionais da modernidade.

Enquanto meio de comunicação para os mais diversos fins, salientou, não se deve pôr em causa a importância da memorização da língua portuguesa, a par das demais línguas nacionais, que por força dessa luta deverá colocar-se ao mesmo nível de importância e utilização de todos os interlocutores do país.

“Sem qualquer mácula, deve permanecer o diálogo, já que a diversidade linguística do país constitui a sua grande riqueza na validade e diversidade cultural”, frisou.

Na sua intervenção, a ministra da Cultura fez um resumo histórico da importância que os soberanos do Reino do Congo e do Ndongo já atribuíam ao conhecimento e domínio da língua portuguesa, com destaque para Nzinga Nkuvu, Nzinga Yemba (dom Afonso I) e Njinga Mbandi.

Estes soberanos, recordou, preocuparam-se com a instalação de escolas em que deveriam, os meninos e meninas do Congo, aprender a ler e a escrever o português.

Noutras circunstâncias, enfatizou, solicitaram a vinda de mestres, professores e missionários, que se encarregaram do ensino da língua portuguesa, multiplicando-se as escolas e enviando-se jovens para os conventos em Lisboa, fazendo assim surgir de forma acelerada os mestres, que continuariam a obra pelos séculos seguintes.

O evento é uma realização da Universidade Jean Piaget de Angola e decorre sob o lema “Unidade na Diversidade”, com o intuito de congregar debates sobre a comunidade lusófona, contando com a participação de especialistas de Angola, Brasil, Portugal, Cabo Verde, São tomé e Prícipe, Moçambique e Timor Leste.

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