Filme angolano na Coreia do Sul

Fotografia: Cedida pelo autor
O filme “O Herói”, do realizador angolano Zézé Gamboa, foi apresentado na quarta-feira no Seul Art Cinema, na Coreia do Sul, no âmbito de um Festival de Cinema Lusófono.
A iniciativa, que terminou na quarta-feira, teve início no dia 1 e foi organizada pela Associação Coreana de Cinematecas, em parceria com o Ministério dos Negócios Estrangeiros sul coreano, que realiza um Programa de Intercâmbio Cultural, com o objectivo de reforçar a cooperação com outros países e sensibilizar os coreanos para a diversidade cultural.
O filme, escolhido pela associação coreana, faz um enfoque especial sobre as guerras que assolaram Angola durante anos.
A produção foi a vencedora do prémio de espectadores no Festival de Cinema de Nante em 2004 e de melhor filme dramático estrangeiro no Festival Internacional de Cinema de Sundance, realizado nos Estados Unidos, em 2005, para distinguir, principalmente, as produções independentes.
“O Herói” conta a história de Vitório Alves, um homem de 30 anos cuja vida muda no dia em que, já no fim da guerra, pisa uma mina durante uma missão militar. Ao fim de 20 anos de vida militar, o sargento Vitório é desmobilizado e regressa à vida civil e a Luanda, sua terra natal, com os sonhos desfeitos e sem metade da perna direita.
A produção, que levou dez anos, mostra, particularmente, as cicatrizes da guerra. O realizador Zézé Gamboa considera o filme uma chamada de atenção à sociedade e às autoridades para que este flagelo nunca mais volte a acontecer.
“Acho que para exorcizar a lembrança da guerra ‘O Herói’ é um filme importante para todos os angolanos. Sendo uma ficção, mostra o estado problemático do país neste momento”, salientou.
Esta é a primeira vez que é realizado o Festival de Cinema Lusófono, no âmbito dos festejos do Dia Mundial da Língua Portuguesa, assinalado no passado dia 5. Foram exibidos nove “filmes marcantes” de seis países de língua portuguesa, designadamente, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Timor-Leste, Portugal e Brasil.
O festival centrou-se em filmes falados em português, que mostram, essencialmente, os aspectos culturais, sociais ou históricos dos seus países. Um dos destaques do Festival de Cinema Lusófono foi também o filme “Bye Bye Brasil” (1979), de Carlos Diegues, cineasta que foi um dos maiores líderes do movimento do “novo cinema” brasileiro, na década de 1960.
A actividade contou com a participação de diplomatas da Embaixada de Angola em Seul, estudantes e membros da comunidade angolana e teve uma grande afluência do público sul-coreano.