Luanda e Pequim reforçam relações

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O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, vai estar em Angola esta semana, no âmbito da sua primeira visita ao continente africano, numa viagem que o leva também à Nigéria, Etiópia e Quénia.
Durante a visita do primeiro-ministro chinês são assinados acordos de cooperação entre instituições financeiras e empresas.
O Primeiro-Ministro Li Keqiang, deu uma conferência de imprensa para falar da sua visita a África. Lembrou que “a relação sino-africana tem uma longa história e está cheia de vitalidade. Desde os anos 50 e 60, a China e a África têm sido unidos pelas experiências históricas comuns”.
Li citou um provérbio chinês: “é fácil obter mil moedas de ouro, mas é difícil encontrar um amigo do peito”. E explicou aos jornalistas que “o Povo Chinês nunca se esquecerá de que foram os nossos irmãos africanos que nos apoiaram nas Nações Unidas.
Também estamos orgulhosos pela construção da ferrovia da Tanzânia à Zâmbia. Entre todos os donativos internacionais recebidos pelas populações afectadas no terramoto de Wenchuan, em 2008, valorizávamos em particular aqueles que vieram da África”.
O Primeiro-Ministro chinês disse aos jornalistas que “nas Nações Unidas e outras organizações multilaterais, a China tem sido sempre a voz mais firme na salvaguarda dos direitos e interesses legítimos da África e dos outros países em desenvolvimento.
Para o Povo Chinês, o Povo Africano é sempre o nosso bom irmão, bom amigo, bom parceiro confiável e fiel. Ultrapassámos a distância geográfica e as diferenças culturais e institucionais, por isso as nossas relações são um modelo bem-sucedido da cooperação Sul-Sul pelas suas características de sinceridade, confiança mútua e harmonia”.
Li disse que “a China está disposta a trabalhar com os países africanos, para reforçar a confiança mútua estratégica, aprofundar a cooperação na defesa da paz e segurança, elevar o nível da cooperação pragmática, fortalecer os intercâmbios entre os povos e culturas”.
Esta é a primeira vez que Li Keqiang vem a África como Primeiro-Ministro: “vou testemunhar o dinâmico desenvolvimento económico e social de África. Estou disposto a dedicar esforços concretos para aprofundar o desenvolvimento das relações sino-africanas e promover as cooperações nos diversos domínios”. O chefe do Governo da China disse aos jornalistas que nesta sua visita a África vai trocar opiniões sobre o reforço das relações bilaterais com os líderes dos quatro países africanos que visita: “vou assistir à Cimeira de África do Fórum Económico Mundial e proferir um discurso, trocar os pontos da vista sobre a promoção das relações e cooperação bilaterais com os líderes africanos que participam na cimeira. Quero visitar t as comunidades chinesas e os funcionários das instituições chinesas em África”.
Amizade sincera
O Primeiro-Ministro chinês disse esperar que a sua visita possa contribuir para aprofundar ainda mais a amizade tradicional sino-africana, “actualizar a cooperação, reforçar a solidariedade e ajuda mútua e promover o desenvolvimento comum. Espero também que através da minha visita, os africanos fiquem com a certeza de que os 1,3 mil milhões de chineses têm sido e serão para sempre os seus amigos sinceros e parceiros confiáveis, e que a parte chinesa está disposta a transmitir a amizade sino-africana às futuras gerações”.
A China está pronta a trabalhar em conjunto com os povos de todos os países africanos, para reforçar a solidariedade, promover o desenvolvimento comum através das cooperações de benefício mútuo, “a fim de que os nossos sonhos sejam realizados o mais cedo possível”.
A China é o maior país em desenvolvimento do mundo e África é o continente que concentra o maior número de países em via de desenvolvimento.
Tanto a China como África enfrentam a tarefa premente de desenvolver a economia e concretizar a modernização, disse Li. “A China e África têm aproveitado a oportunidade histórica do aprofundamento da globalização, solidarizam-se e apoiam-se, cooperam para o benefício mútuo.
A relação sino-africana entrou na era dourada e ambas as partes têm gozado de muitos benefícios através da cooperação”, disse o Primeiro-Ministro da China.
A China está a transformar de uma forma a acelerada o modelo de desenvolvimento económico.
África está no novo caminho da união e desenvolvimento: “durante esta visita, vou trabalhar em conjunto com os líderes dos países africanos e da Comissão da União Africana, com os representantes dos empresários chineses e africanos, com espírito pragmático e empreendedor, resumir as experiências, identificar os espaços para melhorias, e discutir novas áreas, novos caminhos e novos modos da cooperação. A China e a África ampliarão o intercâmbio e cooperação na área de redução da pobreza, promovendo o desenvolvimento comum”.
Indústria e finanças
Na China ainda há mais de 100 milhões de pessoas que vivem abaixo da linha de pobreza. A África também enfrenta vários desafios e dificuldades na concretização dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio. China e África estão a envidar esforços para desenvolver a economia e melhorar o bem-estar do povo: “a China está disposta a compartilhar com África as suas experiências na redução de pobreza, no desenvolvimento agrícola e ajudar África na formação de quadros técnicos e de gestão agrícola”.
Com a visita a África, o Primeiro-Ministro chinês garante que vai fazer tudo para reforçar “a cooperação na área industrial e financeira, promovendo o desenvolvimento de industrialização em África. O continente africano já entrou na via expresso do crescimento e a tendência de modernização é imparável”.
Parceiros seguros
A China tem sido o maior parceiro comercial de África nos últimos cinco anos. Actualmente, 2500 empresas chinesas estão a operar na África, criando mais de 100 mil empregos nas comunidades locais. No ano passado, mais de 1.4 milhões de turistas chineses viajaram para África. Segundo um relatório do FMI, a taxa de contribuição da cooperação sino-africana para o desenvolvimento da África já superou 20 por cento: “o factor chinês tem sido cada vez mais notável no desenvolvimento da África. A cooperação sino-africana tem trazido benefícios reais para os dois lados e tem boas perspectivas de futuro”, disse o Primeiro-Ministro chinês.
“A China e os países africanos são irmãos que compartilham a felicidade e a angústia. São parceiros comprometidos com o desenvolvimento comum. Na sua cooperação com África, a parte chinesa tem sempre insistido nos princípios de igualdade, benefício mútuo, pragmatismo, eficiência, sinceridade e credibilidade. As ajudas a África nunca foram anexadas com condições políticas. A cooperação sino-africana tem contribuído positivamente para o crescimento económico do continente, sobretudo nas áreas do desenvolvimento social e do bem-estar do povo. O objectivo é melhorar o ambiente de investimento em África e o nível de vida dos povos locais”, disse Li Keqiang.Quando os jornalistas lhe pediram para comentar as acusações de neo-colonialismo que são feitas ao seu país, o Primeiro-Ministro chinês não fugiu à questão.
Os numerosos projectos de infra-estrutura construídos com a ajuda chinesa, incluindo escolas, hospitais, estádios, sistemas de abastecimento de água e de energia têm facilitado as condições de vida e de trabalho dos africanos: “a fim de diminuir os fardos de África, a parte chinesa reduziu e aliviou as dívidas contraídas pelos países africanos até ao fim do ano 2013, num valor total de 20 mil milhões de yuan. A fim de aumentar a capacidade de auto-desenvolvimento de África, a China tem ajudado os países africanos a desenvolver a indústria e a agricultura, consolidando constantemente a base da cooperação sino-africana. Para a China e África, o outro nome da cooperação é oportunidades e ganhos para os dois lados”. A China e muitos países africanos foram sujeitos a agressões externas. Viveram regimes coloniais: “não faças aos outros o que não queres que te façam a ti, é uma ideia tradicional de milhares de anos da China, e também o conteúdo importante da civilização chinesa.
O chamado neo-colonialismo chinês em África é uma acusação falsa, inconsistente e que colide com cultura tradicional chinesa. Não reflecte a realidade da cooperação amigável entre a China e a África”.