PR quer mudanças na cooperação entre África e União Europeia

PRESIDENTE DA REPÚBLICA, JOÃO LOURENÇO  FOTO: FRANCISCO MIUDO

PRESIDENTE DA REPÚBLICA, JOÃO LOURENÇO
FOTO: FRANCISCO MIUDO

04 Julho de 2018 | 13h09 – Actualizado em 04 Julho de 2018 | 14h51

O Chefe de Estado angolano, João Lourenço, apelou à União Europeia para estabelecer, com África, um modelo de cooperação que, a médio e longo prazos, contribua para os países do continente africano terem maior oferta de emprego e oportunidades de negócios para os seus cidadãos.

Discursando nesta quarta-feira na sessão do Parlamento Europeu, na cidade de Estrasburgo (França), defendeu a necessidade de mudança do paradigma do modelo de cooperação, estabelecido no âmbito dos acordos de Cotonou (Benin) entre a União Europeia e o Grupo de Países de África, Caraíbas e Pacíficos.

Segundo o Presidente da República, os filhos de África vão hoje para a Europa na condição de emigrantes, fugindo de conflitos armados, da fome e da miséria que assola alguns dos países do continente, do desemprego e da falta de perspectivas por um futuro melhor.

Nesta conformidade, João Lourenço apelou à União Europeia a estabelecer, com o continente africano, um modelo de cooperação para reverter o actual quadro e que ajude os países de África a passarem de meros exportadores de matéria-prima para produtores de produtos manufacturados e industrializados, como garantia de uma maior oferta de empregos e oportunidade de negócios.

O estadista afirmou que todos são responsáveis pelo quadro actual dos países do continente, caracterizado por “um clima de conflitos internos, de insegurança, de crises económico-financeira, de terrorismo, de fome e pobreza”, que traz como consequências sucessivas vagas de emigração em direcção à Europa.

Para si, esta é uma situação que a todos envergonha, porquanto é triste e revoltante constatar que hoje a saga se repete, embora numa conjuntura diferente, cerca de seis séculos depois de os filhos de África terem sido levados em condições degradantes nos navios negreiros, para as Américas, onde, na condição de escravos, contribuíram para o florescimento de grandes economias.

O chefe de Estado defendeu que a Europa só sai a ganhar com uma África capaz de reter os seus filhos no continente, através de uma maior oferta de emprego e de melhores condições de vida, no geral.

“Não se trata de mero sonho, mas de algo que pode vir a ser uma realidade, se discutirmos sempre de igual para igual, sem complexo do tipo algum, com realismo e pragmatismo”, referiu.

Na qualidade de Presidente em exercício do órgão para Cooperação no domínio da Política, Defesa e Segurança da SADC, João Lourenço informou que têm trabalhado em iniciativas tendentes em apoiar os esforços da SADC, CEAC e da CIRGL, na resolução pacífica dos problemas que afectam alguns países da região, com realce para a RDC, República Centro Africana, Sudão do Sul, Lesotho e o Madagáscar.

“Trabalhamos em conjunto com as organizações sub-regionais e também com a União Africana e as Nações Unidas, respeitando sempre a soberania nacional de cada estado, assim como as normas do direito internacional”, apontou.

Lembrou que, no que diz respeito à cooperação entre a União Europeia e o continente africano, se realizou em 2017 a quinta cimeira que abordou, entre outras, as questões de paz e segurança, da boa governação, democracia e direitos humanos, as migrações e as mobilidades dos cidadãos, o investimento e o comércio, o desenvolvimento de capacidades e a criação de empregos.

Reiterou que é posição comum africana a necessidade de mudança do paradigma do modelo de cooperação.

O Parlamento Europeu é um fórum de debate político e de tomada de decisões a nível da União Europeia (UE) e foi criado em 1952.

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