Segundo mandato dá prestígio ao país
O ministro das Relações Exteriores, Georges Chikoti, disse que Angola soube posicionar-se muito claramente e que o país aumentou a sua bagagem ao participar como membro não-permanente no Conselho desde 1 de Janeiro de 2015.
Em entrevista à Rádio ONU, Geoges Chikoti avaliou os dois anos de Angola no Conselho de Segurança, a três meses do fim do mandato, e pediu maior atenção às jovens democracias e ao diálogo na península coreana.
Angola ocupou pela primeira vez o assento em 2002 e 2003. “Foi uma experiência muito interessante. Angola apareceu desta vez com um pouco mais de experiência relativamente à participação anterior e temos a certeza de que, ao sairmos do Conselho de Segurança, também teremos ganho um pouco mais para nós mesmos”, disse o chefe da diplomacia angolana.
No seu discurso na 71ª sessão da reunião magna da maior organização mundial, em representação do Chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, o Vice-Presidente da República, Manuel Vicente, declarou que Angola é a favor do alargamento do número dos membros permanentes e não permanentes do Conselho de Segurança, para tornar este órgão mais representativo e melhor apetrechado na sua capacidade de resposta na solução dos conflitos.
Manuel Vicente afirmou na Assembleia-Geral das Nações Unidas que a reforma do Conselho de Segurança é “um imperativo que se não for realizado pode levar à incapacidade de actuação da organização mundial e ao contínuo esboroar da sua legitimidade e credibilidade”. Por essa razão, disse, Angola reitera o direito do continente africano de estar representado entre os membros permanentes do Conselho de Segurança, conforme o Consenso de Ezulwini.
O Vice-Presidente afirmou que a ONU deve ser capaz de promover a paz e segurança internacional, de agir com celeridade e eficácia em situações de conflito e de dar resposta aos mais prementes desafios da actualidade, como o terrorismo internacional sem precedentes e as alterações climáticas inauditas.
No actual mandato, Georges Chikoti disse que o seu país soube “posicionar-se muito claramente” no órgão. As marcas dos posicionamentos tiveram em conta as jovens democracias, daí a cautela ao lidar com governos em crise quando não houvesse um estudo mais profundo.
“Não temos uma história de democracias em África que possa permitir, por exemplo, que se avalie um Sudão ou Burundi como se estivéssemos a avaliar a França. Algumas teses ou grupos que são apoiados muitas vezes não representam necessariamente a vontade do povo local. Tivemos, muitas vezes, que nos opor ou ter posições contrárias em alguns temas específicos. Penso que isso contribui. Também participámos activamente em termos gerais nos grandes temas que afectam o Conselho de Segurança”, disse.
Nos esforços para buscar soluções globais, Angola pediu a promoção do diálogo que envolva as duas Coreias sem uma solução que sufoque a Coreia do Norte. “Se é verdade que é necessário que a Coreia do Norte possa conformar-se à comunidade internacional e não evoluir para uma política nuclear é também importante que se comece a olhar para a necessidade de desanuviamento na península coreana.”
Durante o seu discurso na Assembleia-Geral, o Vice-Presidente da República, Manuel Vicente, defendeu que África merece ter um país entre os membros permanentes do Conselho de Segurança.
Combate à fome
Georges Chikoti falou também do combate à fome e à pobreza e afirmou que, apesar dos avanços, os desafios ainda são muito grandes para alcançar os objectivos da Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável e citou problemas como a seca e inundações no país.
O ministro afirmou que o país “fez um progresso relativamente grande” para acabar com a pobreza e eliminar a fome. “Se olharmos para os últimos 15 anos em que Angola não só acabou com o conflito militar como fez um programa grande de integração e de reinserção da população que estava fora do quadro de acompanhamento, hoje podemos dizer que conseguimos, de facto, fazer progressos”, disse o ministro, recordando que há regiões afectadas pela seca e outras por inundações e que são alguns dos aspectos que “nunca podem ser necessariamente bem previstos num programa de Governo”.
O chefe da diplomacia declarou que “Angola pretende agora criar estruturas governamentais que possam acompanhar emergências, como problemas de inundação e secas”. Quanto à questão da redução da pobreza, Georges Chikoti afirmou que o Governo já tem programas, ao nível da mulher, da juventude e ao nível geral, políticas que integram várias categorias socioprofissionais. “Também já temos cada vez mais facilitado o acesso ao micro-crédito de algumas comunidades e o importante, a meu ver, é também fazer com que a produção agrícola do camponês possa ser suficiente para seu próprio consumo”, disse.
O ministro referiu que “Angola tem uma série de políticas para facilitar o acesso ao fertilizante, ao adubo, para permitir ao camponês aumentar sua produção”. Georges Chikoti acompanhou o Vice-Presidente da República, Manuel Vicente, durante a participação nos debates de líderes internacionais na Assembleia-Geral.