Crédito agrícola este ano
O seguro agrícola começa a funcionar ainda este ano como uma ferramenta para a protecção dos agricultores, anunciou ontem o presidente do conselho de administração da Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros (ARSEG).
Aguinaldo Jaime, que falava à imprensa no seminário sobre “A importância dos seguros e de fundos de pensões”, em alusão ao terceiro aniversário da instituição que tutela, explicou que existem vários riscos no seguro agrícola, sendo por isso necessário registar um conjunto de informações. Para o arranque do seguro, algumas fazendas foram já seleccionadas em diferentes partes do país.
O seguro agrícola, continuou, não dispensa a participação do Estado, porque os riscos que os agricultores enfrentam como seca, desertificação, quedas de água, aluimento de terras e as pragas são grandes, o que torna as despesas exorbitantes para as empresas seguradoras. Por isso, está em curso um trabalho entre a ARSEG, os Ministérios da Agricultura e Economia, e os resseguradores. “É necessário haver uma divisão de trabalho entre o Estado e as empresas agrícolas para as seguradoras não suportarem esses riscos sozinhas, porque, se assim for, elas farão repercutir esse risco sobre o preço e o seguro fica inviável. E este não é o caminho. Daí que o Estado tem de participar activamente neste processo”, defende Aguinaldo Jaime. A título de exemplo, Aguinaldo Jaime citou alguns países que criaram fundo de calamidade para em situações de risco ajudarem as seguradoras e os agricultores.
Aguinaldo Jaime apontou ainda o seguro de importação como uma preocupação que deve ser solucionada. Para isso, pretende-se criar a resseguradora nacional e um conjunto de iniciativas interligadas entre si, que vão tornar possível a sua entrada em vigor no final do ano.
O gestor considera a taxa de penetração do seguro em Angola muito abaixo da média do continente africano, uma situação que, para Aguinaldo Jaime, pode ser revertida nos próximos anos, com as medidas que estão a ser implementadas no sector.
Acções como seminários e sensibilização das famílias sobre a importância e o papel que o seguro desempenha no desenvolvimento socioeconómico estão em curso. Neste momento, decorrem conversações com o Ministério da Educação para que o Seguro passe a integrar as temáticas do sistema de ensino a partir da 5.ª e 6.ª classes, através das matérias ligadas à literacia financeira.
“Temos consciência da depreciação dos activos das empresas operadoras e que estão ao corrente das dificuldades que as seguradoras têm tido para honrar antecipadamente os compromissos do mercado de seguros. Por isso, no quadro da crise cambial em que se vive, vamos junto do governador do Banco Nacional de Angola procurar dar solução a este problema”, esclareceu.