Crédito chinês estimula comércio regional

Fotografia: Kindala Manuel

Fotografia: Kindala Manuel

O financiamento chinês pode remover os obstáculos contra o desenvolvimento das relações económicas inter-africanas, nos próximos anos, com a construção e reabilitação de estradas em curso em várias regiões do continente.

A conclusão partiu da recente reunião entre a presidência da Comunidade Económica de Desenvolvimento da África Ocidental (Cedeao) e uma delegação do Banco de Desenvolvimento da China (BDC), que passou em revista os principais projectos conjuntos nas áreas de transportes, além de energia, agricultura e saúde.
Entre os projectos apontados pelo presidente da Cedeao, Marcel de Souza, está a segunda fase da auto-estrada regional, um projecto de 25 mil milhões de dólares, ligando Abidjan, na Costa do Marfim, a Dacar, no Senegal, que prevê também uma passagem em Bissau, com um total de 3.260 quilómetros.
No encontro, Marcel de Souza pediu também apoio financeiro para os estudos de viabilidade, em curso, para a estrada Lagos-Abidjan, um projecto de 8.000 milhões de dólares para ligar cinco das cidades costeiras da região, ao longo de mais de 1.000 quilómetros.
O presidente da organização regional chamou atenção para o facto de apenas 12 por cento do comércio na África Ocidental ser entre países vizinhos, resultado da falta de ligações rodoviárias, ferroviárias, aéreas e marítimas entre eles. De Souza pediu ainda apoio do BDC para as iniciativas no sector da Energia e da produção de arroz, base da alimentação dos países da região, mas com défice de produção.
Zeng Liqing, responsável da delegação do BDC, manifestou interesse em aprofundar a cooperação com os países da região, numa altura em que os esforços do banco já permitiram financiamentos de mais de 46 mil milhões de dólares a 43 países africanos para desenvolvimento de infra-estruturas, exploração mineira e energia, entre outros sectores. Os créditos especiais do banco para pequenas e médias empresas estão a ser usados em 47 países africanos, alguns deles membros da Cedeao, adiantou o responsável do BDC.

Guiné-Bissau

Na África Ocidental, a Guiné-Bissau é dos países que apresenta actualmente previsões de crescimento económico mais elevadas – 4,8 por cento em 2016 e cinco em 2017 – bem como amplas oportunidades, uma vez que, além de necessitar de infra-estruturas e de dispor de recursos por explorar (caso da bauxite), está inserido no mercado regional da África Ocidental.
A agricultura é a principal fonte de rendimento do país, em particular a castanha de caju, sendo também uma das oportunidades de investimento identificadas. O boletim de informação Africa Monitor Intelligence informou ter um recente estudo técnico chinês confirmado a aptidão do país, em particular no que concerne aos solos, para a produção em larga escala de arroz, produto que o país actualmente importa para abastecer o mercado interno (cerca de 200 mil toneladas/ano).
O estudo aponta também a necessidade prévia de uma recuperação das planícies alagadiças (bolanhas) aptas para a orizicultura, a maior parte sem uso nos últimos anos ou votada ao abandono. O embaixador da China em Bissau, Wang Hua, tem vindo a salientar as excelentes condições climatéricas e de solos que a Guiné-Bissau tem para produzir e abastecer a sua população e reafirmou o apoio da China para a concretização desse objectivo.
Em Abril, na Guiné-Bissau, realizou-se pela primeira vez o “Encontro dos empresários para a cooperação económica e comercial entre a China e os países de língua portuguesa”, à margem do qual foi anunciado que a China Machinarie Engeneering Corporation (CMEC) vai construir, entre outras infra-estruturas, o novo aeroporto internacional de Bissau, alargar a antiga aerogare, construir o porto de pesca de Pikil, no nordeste da Guiné-Bissau, o porto de águas profundas em Buba, no sul, estradas, pontes e ainda habitações sociais.

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