Madeira e granito começam a ser escoados
O Caminho-de-Ferro de Moçâmedes (CFM) está a assinar contratos com operadores económicos para, dentro de 15 dias, iniciar um serviço de grande escala de transporte de madeira do CuandoCubangopara o Namibe, passando pelo Lubango, anunciou ontem o presidente do Conselho da Administração da companhia.
Daniel Quipaxe estima que o novo serviço aumentará as receitas da empresa transportadora e indicou que dois directores do CFM estiveram recentemente em Menongue para tratar do começo da operação com os madeireiros.
Uma operação de transporte de granito negro e outras rochas ornamentais da Huíla para o Porto do Namibe decorre “de forma tímida”, segundo Quipaxe, pelo que se estão a estudar mecanismos para que o serviço fique estabelecido este mês.
A operação do CFM consiste em criar um porto seco na comuna da Arimba, arredores do Lubango, e outro no Sacomar, no Namibe, onde a mercadoria será descarregada e levada directamente para os navios indicados pelos clientes, apontou Daniel Quipaxe.
Sobre os benefícios que a operação de transporte de madeira e granito negro traz para o CFM e o Governo, Daniel Quipaxe considerou que vai satisfazer a tesouraria da empresa, que deixa de depender parcialmente dos subsídios operacionais do Estado a si atribuídos.
O PCA do CFM disse ainda que o processo vai aliviar algumas dificuldades sociais dos trabalhadores, em alimentação, acomodação e assistência médica e medicamentosa, que estão dependentes das receitas arrecadadas pelos serviços prestados.
O Caminho de Ferro de Moçâmedes transporta 15 mil toneladas de carga e mil passageiros em 32 composições por mês entre as cidades de Menongue, Lubango e Namibe. A companhia ferroviária comporta 6 locomotivas (nove operacionais e sete inoperantes), 166 vagões, 54 carruagens, quatro furgões e emprega 1.449 trabalhadores ao longo da linha de 860 quilómetros e 56 estações, incluindo os ramais da Jamba e Chamutete.
Investimento público
As obras de restauro total da linha ferroviária de Moçâmedes é um investimento público avaliado em cerca de 90 milhões de dólares (15 mil milhões de kwanzas) e a sua execução está a cargo de uma empresa chinesa. A aposta no transporte de carga vai cobrir os prejuízos no segmento de transporte de passageiros, que não teve uma adesão pública condizente com um serviço comercial lucrativo.
Em Abril, a média das perdas em combustível e outros serviços atingiu os 15 milhões de kwanzas, indicam dados fornecidos à Angop pelo director do Caminho de Ferro de Moçâmedes no Namibe, António Canda.