Tradições angolanas em Lisboa

Fotografia: Nhdesign |

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“Sete Dias-Antes e Depois” é o título da mais recente exposição individual do artista plástico Ricardo Kapuka, patente até 21 de Maio, na Galeria de Arte Contemporânea Nuno Sacramento, em Lisboa, na qual o pintor usa o stencil-grafiti em panos para falar das tradições angolanas.

O artista plástico mostra em Lisboa uma série de panos nacionais pintados com a técnica de stencil-grafiti, numa linguagem de arte urbana para retratar as tradições,  escreve no catálogo José Sacramento, o curador exposição, que tem o apoio do grupo empresarial Multiáfrica.
“Falar do trabalho do artista plástico angolano Kapuka é  reviver  memórias visuais e  emoções vividas na primeira pessoa. A labuta diária do povo angolano está marcadamente presente na sua obra. Um artista também ele do povo, humilde e generoso, observador capaz de mostrar ao mundo, através da pintura, o melhor da sua terra”, escreve o curador.
José Sacramento refere que o projecto, apresentado pela primeira vez em Portugal, pela Galeria Nuno Sacramento, é uma apurada mostra de cerca de vinte pinturas onde o autor nos transporta para o seu imaginário de vivências do dia a dia em Angola.
Neste conjunto de trabalhos é notória a vontade de inovar do artista plástico. Sem fugir à base do desenho que sempre explorou e desenvolve, nota-se a influência da cultura de carácter urbano, nomeadamente com o grafiti. Esta linguagem recorre ao uso do stencil (técnica de pintar com moldes ou máscaras recortadas)”.
Kapuka desenha cada um dos moldes e  minuciosa e manualmente   recorta-os, conferindo-lhes um toque pessoal e transmitindo-lhes uma identidade única.
“Sete Dias-Antes e Depois”, salienta José Sacramento, foi o título que Kapuka elegeu para contextualizar os trabalhos agora apresentados nesta magnífica e ampla mostra, que nos leva a viajar pelo quotidiano angolano, pela labuta semanal (sete dias), ao som da agitação de rua, no passo apressado das zungueiras, na cor dos mercados e no sorriso rasgado das crianças.
O cônsul geral   de Angola no Porto, Domingos Custódio Vieira Lopes, disse que Kapuka nos mostra as suas “vivências”, “uma inspiração pura e testemunho de recolha e partilha de experiências pessoais, que reflectem a essência da cultura e hábitos de Angola. Sentimentos de dor e alegria  misturam-se no traço perspicaz do pintor cuja tela, são os panos, estes, também símbolos da  angolanidade”.
Kapuka é natural da Catumbela, estudou artes gráficas e desenho de animação 2D, em Lisboa, onde viveu 15 anos. Em 2012, recebeu o Prémio Ensa-Arte especial pintura. Já participou em várias exposições colectivas em Angola e em duas individuais há cinco anos, “Antes de tudo”, na Galeria Kanawa do Lobito, e “Pinturas de Kapuka”, na Galeria Benamor, em Benguela. Está representado na colecção de arte do Banco Caixa Totta.

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