Governação em paz abriu uma nova era

Fotografia: Kindala Manuel

Fotografia: Kindala Manuel

O ministro da Administração do Território destacou ontem em Saurimo o papel desempenhado pelo Presidente da República para pôr fim a décadas de conflito armado no país, facto que marcou o início de uma governação em paz efectiva, rumo ao desenvolvimento.

No discurso proferido durante o acto central alusivo ao 14.º aniversário do Dia da Paz e da Reconciliação Nacional, Bornito de Sousa apontou, entre as prioridades definidas pelo Executivo, a reconstrução de infra-estruturas como estradas, pontes, escolas, hospitais, sistemas para abastecimento de água e energia, banindo assim o espectro de guerra que atingiu directa e indirectamente milhares de angolanos.
Ao apontar os transtornos causados pela queda do preço do petróleo na economia do país e na vida do cidadão, o ministro considerou a crise uma oportunidade para buscar  alternativas mediante apostas na agricultura, turismo, minas, pescas e energia, numa altura em que o Governo prioriza, na sua carteira de investimentos, o sector social, nomeadamente a Educação e a Saúde.
Bornito de Sousa pediu um minuto de silêncio em homenagem às vítimas da malária e febre-amarela. A fim de se reduzir a dor e o luto, apelou à observância das regras de higiene, alimentação saudável, protecção contra os mosquitos e busca de apoio médico, em detrimento de infusões conhecidas como “cura tudo” e outros extractos de plantas administrados por indivíduos não reconhecidos pelas autoridades sanitárias.
O ministro defendeu a criação de condições que combatam o défice entre a população fixada em Luanda, que representa um terço do total.
Bornito de Sousa falou também de aspectos ligados à organização de comissões de moradores em condóminos como estratégias de cooperação no saneamento e vigilância, assim como o combate à violação administrativa e imigração ilegal.
A competência dos quadros, mediante apostas num ensino de qualidade, foi outro apelo do ministro. No acto participaram os ministros da Geologia e Minas, Francisco Queiroz, do Urbanismo e Habitação, Branca do Espírito Santo, e da Construção, Waldemar Pires Alexandre, além do secretário de Estado do Interior, Eugénio Laborinho.
A jornada do ministro culminou com uma deslocação à localidade de Sweja, a 25 quilómetros da cidade de Saurimo, onde manteve um encontro com o chefe tradicional Mwatshissengue Watembo, e deixou alguns bens de primeira necessidade para a comunidade.

Benefícios da paz

A paz que se vive hoje é fruto de muito sacrifício empreendido pelos filhos de Angola, reconheceu ontem, em Luanda, o ministro da Defesa Nacional.
João Lourenço, que falava após o Içar da Bandeira no Monumento na Fortaleza de São Miguel, por ocasião do Dia da Paz e da Reconciliação Nacional, sublinhou a importância da data e frisou que a paz é sinónimo de desenvolvimento, estabilidade, bem-estar e de felicidade dos cidadãos. O ministro da Defesa Nacional disse que, nos 14 anos sobre o calar das armas, os ganhos da paz são visíveis nos vários domínios, como nas infra-estruturas, na economia, na sociedade, dentre outras áreas do país. “Hoje é possível circular de Cabinda ao Cunene sem qualquer medo”, referiu.
O ministro dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, realçou   a importância do 4 de Abril de 2002, tendo destacado papel do Presidente José Eduardo dos Santos como “arquitecto da paz”.
“Não podemos falar dos 14 anos de paz e de progresso sem recordarmos da persistência estratégia de José Eduardo dos Santos em quanto  Comandante-em-Chefe das FAA e Titular do Poder Executivo”, disse Cândido Van-Dúnem.
Cândido Van-Dúnem felicitou   todos os angolanos que participaram na luta de libertação nacional, com destaque para o primeiro Presidente de Angola, António Agostinho Neto.

Importância de Bicesse

A UNITA considera que o 4 de Abril de 2002 surge como uma “sublime oportunidade” para resgatar Angola de um passado e passivo históricos dos quais culpados e vítimas “somos todos”, mas destaca a importância dos Acordos de Bicesse, assinados pelo Governo e o então movimento rebelde, em 1991.
Numa declaração por ocasião do Dia da Paz e da Reconciliação Nacional, assinalado ontem, o comité permanente da comissão política do maior partido na oposição reafirma que os Acordos de Paz, assinados em Bicesse, constituem, para Angola, o “principal instrumento  jurídico-legal” que marcou “o início de uma nova era na história do país, pois criaram as bases para a construção da paz militar”.
Através dos Acordos de Bicesse, sublinha a UNITA, os angolanos instituíram a fusão das FAPLA e das FALA e a consequente criação das Forças Armadas Angolanas–FAA, “a extinção do regime de partido único e a instauração da democracia multipartidária”, as bases para uma nova ordem económica com a consagração da economia de mercado, o “arcabouço de uma ordem jurídico-constitucional”, através da aprovação da Lei que estabelecia a elaboração de uma nova Constituição com um novo paradigma, o constitucionalismo democrático.Na declaração, a UNITA homenageia todos os homens e mulheres que deram as suas vidas por Angola e espera que os seus nomes e feitos constem dos registos históricos do país que os viu nascer e partir para outra dimensão da vida, com o espírito do dever cumprido.

Ganhos significativos

O presidente do PRS, Eduardo Kuangana  apontou ontem, em Luanda, “ganhos significativos”, registados no país nos últimos 14 anos, sobretudo no âmbito da construção de infra-estruturas, mas recomendou mais trabalho ao Executivo, como forma de garantir o bem-estar dos cidadãos. O político, que falava a respeito do 4 de Abril, defendeu “uma mudança de consciência dos governantes”, como forma de se pôr fim aos problemas sociais no país.
Eduardo Kuangana lamentou o facto de em tempo de paz “ainda  existirem  dificuldades”,  sobretudo a  nível dos hospitais públicos,  que já deviam estar ultrapassadas. “Os problemas sociais só podem ser superados se todos os políticos souberem enterrar as mágoas do passado e buscar sinergias para edificar um país mais inclusivo”, afirmou Kuangana, para acrescentar que  Angola tem inúmeros recursos naturais que, “bem geridos e explorados podem acelerar o processo de diversificação económica e melhorar a qualidade de vida das populações”.
O líder do PRS defendeu ainda a criação de mais investimentos e políticas mais inclusivas nos domínios da saúde, educação, transporte,  água potável, e infra-estruturas.
“A paz pressupõe estarmos todos tranquilos, sem  nos preocuparmos com o que vamos comer. Queremos ter paz política e paz social”, declarou o político, que solicitou um combate mais cerrado à corrupção.
A Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), em declaração tornada pública por ocasião do 4 de Abril, sublinha que a efeméride “marcou profundamente” a consciência do Povo angolano, pelo que deve ser sempre uma data de consensos, reconciliação  e reencontro da grande família angolana.

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