Mina de diamantes foi aberta em Tcheji

Fotografia: Benjamim Cândido

Fotografia: Benjamim Cândido

O ministro da Geologia e Minas, Francisco Queiroz, inaugurou sábado, na comuna do Xá Cassau, município de Lucapa, província da Lunda Norte, a Sociedade Mineira do Tcheji, que vai numa primeira fase produzir três mil quilates de diamantes por mês, com receitas brutas avaliadas em 1,5 milhões de dólares.

O projecto mineiro do Tcheji foi inaugurado no quadro das comemorações alusivas aos 14 anos da Paz e Reconciliação Nacional, testemunhadas por uma delegação governamental chefiada pelo ministro da Administração do Território, Bornito de Sousa.
A delegação multissectorial integrou também os ministros da Construção, Waldemar Pires Alexandre, do Urbanismo, Branca do Espírito Santo, o secretário de Estado do Interior, Eugénio Laborinho, além dos governadores provinciais da Lunda Norte, Ernesto Muangala, Lunda Sul, Cândida Narciso, e o presidente do Conselho de Administração da Endiama, Carlos Sumbula.
O ministro da Geologia e Minas explicou que a Sociedade Mineira do Tcheji é um projecto de dimensão média, que tem a particularidade de estar localizada numa zona que marca o limite entre as províncias da Lunda Norte e Lunda Sul. Os trabalhos de exploração estão a ser feitos na primeira das duas províncias, numa área total de concessão de 635 quilómetros quadrados. O projecto do Tcheji emprega 55 trabalhadores, 80 por cento dos quais recrutados na Comuna do Xá Cassau, na Lunda Norte, e arredores de Saurimo, Lunda Sul. A mina é assegurada totalmente por angolanos, incluindo a mão-de-obra especializada.
Francisco Queiroz considerou a abertura da mina do Tcheji como uma indústria resultante dos benefícios da paz e acrescentou que o Executivo está a envidar esforços no sentido de relançar a actividade diamantífera, por ser uma forte alternativa para o incremento e diversificação das fontes de receitas fiscais para o Orçamento Geral do Estado.
A importância da nova mina prende-se com o facto de os estudos geológicos de prospecção terem determinado a existência de grandes jazigos, que apontam reservas de 250 mil quilates de diamantes, numa área que corresponde a dez por cento do perímetro de concessão, nos próximos cinco anos de vigência do contrato com a Endiama.
Numa primeira fase, o projecto vai efectuar a exploração aluvionar e nos próximos anos pode avançar para estudos de produção por via do kimberlito.
O ministro sublinhou que recebeu garantias dos responsáveis da Sociedade Mineira do Tcheji que nos próximos 45 dias, após a conclusão dos trabalhos de montagem da nova central de tratamento do minério, a produção vai ser elevada de três para seis mil quilates de diamantes por mês.
O ano passado os níveis de produção de diamantes no país situaram-se em mais de nove milhões de quilates e vão aumentar com a entrada em funcionamento da mina do Tcheji. Os diamantes continuam a ser a principal actividade mineira do país e os programas da Endiama apontam para a abertura de mais projectos ainda no decurso do presente exercício económico, com destaque para a mina de Luachi, localizada na província da Lunda Sul, que vai possibilitar duplicar a actual produção.
A inauguração do projecto do Tcheji marca uma nova era no processo de desenvolvimento da indústria nacional de diamantes e surge na sequência da assinatura do contrato de exploração entre a Endiama, Oga e a Articon, como investidores, e dos accionistas Ipergesta, Somia Yassacama e BK. O investimento inicial do projecto é de 15 milhões de dólares, tendo os trabalhos de prospecção iniciado em 2011.
Depois do petróleo, os diamantes são o principal produto de exportação de Angola, que está entre os cinco principais produtores mundiais.
Angola tem um grande potencial no sector dos diamantes. Sete diamantes de grandes dimensões foram descobertos em Fevereiro deste ano na mina do Lulo, onde foi encontrada também uma pedra com 404,2 quilates, a maior de sempre descoberta em Angola.
O sector da Geologia e Minas conta com vários projectos em processo de financiamento e desenvolvimento mineiro, casos da prospecção e produção de nióbio (metal utilizado para produzir aço), na província da Huíla, de produção de ouro do Mpompo, também na Huíla, e do projecto Chiuzo, de diamantes, na Lunda Sul. O mais estruturante dos projectos é a nova mina de diamantes do Luache, na Lunda Sul, com reservas estimadas em 350 milhões de quilates e um tempo de vida útil de 30 anos,e  começa a produzir nos primeiros meses de 2018. O sector conta ainda com projectos para a extracção de cobre nas províncias do Uíge e do Cuanza Sul.

Apoio a famílias regressadas

Famílias de angolanos, regressadas das Repúblicas Democrática do Congo (RDC) e da Zâmbia, a viverem no Centro de Acolhimento de Pimbi e Pelengue, receberam ontem bens diversos da Empresa Nacional de Diamantes (Endiama), no quadro das festividades do 14º aniversário da paz e reconciliação nacional.
No acto de entrega, a governadora provincial da Lunda Sul, Cândida Narciso, reafirmou a responsabilidade do Executivo na criação de condições para assegurar o reassentamento e reintegração dos cidadãos que regressam ao país.
A cidade de Saurimo, sede da província da Lunda Sul, está toda engalanada para acolher hoje o acto central das comemorações dos 14 anos de paz e de reconciliação nacional.
O programa, a ser orientado pelo ministro da Administração do Território, Bornito de Sousa, em representação do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, começa com a deposição de uma coroa de flores no túmulo do soldado desconhecido no Cemitério Municipal, seguindo-se um acto político no Cine Chicapa, encontro com as autoridades tradicionais e visita à Mediateca de Saurimo.

Celebrações ecuménicas

O arcebispo da arquidiocese de Saurimo, D. José Manuel Imbamba, exortou ontem os fiéis a reflectirem sobre os valores que fortalecem o espírito de unidade, para todos contribuírem na edificação de Angola, durante um culto ecuménico alusivo ao 14º aniversário da paz e reconciliação nacional, que se assinala hoje.
Na homilia, que reuniu no Estádio Municipal das Mangueiras centenas de crentes, o prelado católico notou que a “paz é um edifício em obras a cargo de todos os angolanos, despidos da intriga e revestidos de alegria interior, amor, solidariedade e perdão para vivermos na justiça”.
Dom José Manuel Imbamba insistiu na construção de uma base de valores que fomente a cultura da fraternidade, respeito, ordem, pertença e convívio na diferença, tendo Cristo como ponto de partida e chegada. Aos jovens, por serem a esperança do país, o arcebispo reafirmou o apelo de esforços nos estudos e trabalho, honestidade e espírito patriótico, o que pressupõe um exame de consciência para avaliar o compromisso com a paz.
Ao intervir, a governadora provincial da Lunda Sul, Cândida Narciso, exortou os presentes a manterem viva a chama da esperança, para solidificar a irmandade e destruir o egoísmo, numa pátria que “se pretende unida e solidária”.
Segundo a governadora, a paz é uma dádiva de Deus que superou o antagonismo e fez brotar o processo de reconciliação nacional em curso para as famílias praticarem permanentemente a solidariedade e desencorajar iniciativas propensas a gerar instabilidade social.
Os bens materiais, base de renhidas disputas entre os homens, jamais devem ofuscar o sentido de compromisso com o próximo, seguindo o exemplo de Cristo. A prioridade na busca do reino de Deus, frisou, deve despertar o interesse em prol do aproveitamento de todos os meios para desenvolver actividades úteis que garantam o bem-estar.
Em Luanda, líderes de diversas denominações religiosas também participaram ontem num culto ecuménico de acção de graças alusivo ao 14º aniversário do alcance da paz em Angola. O arcebispo metropolitano da Arquidiocese de Luanda, Dom Filomeno Vieira Dias, disse na ocasião que a cerimónia religiosa teve como objectivo agradecer a Deus pelo dom da paz.

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