Delegação do Conselho de Segurança foi a Bissau

Fotografia: Jaimagens

Fotografia: Jaimagens

O embaixador de Angola junto das Nações Unidas, Ismael Martins, disse na segunda-feira haver necessidade de haver cedências para o fim do impasse político na Guiné-Bissau.

As declarações foram feitas à Rádio ONU, no fim de uma visita de algumas horas que uma delegação do Conselho de Segurança das Nações Unidas efectuou ao país.
Ismael Martins, que assume desde o dia 1 deste mês, em nome de Angola, a presidência do Conselho de Segurança das Nações Unidas, disse que após vários contactos foi constatado que é urgente o fim da impunidade e o respeito a leis e normas por parte de partidos. A declaração foi feita na capital senegalesa, Dakar, antes do embarque de regresso a Nova Iorque.
“Acho que a viagem foi útil aos membros do Conselho de Segurança. Conseguimos, mesmo em curto tempo, ter encontros com as entidades principais e com  partidos como o PAIGC e o PRS e estivemos na Assembleia Nacional com o presidente, dois vice-presidentes e com o Presidente da República já no fim da visita”, disse.  Ismael Martins declarou que, passados vários meses, a população demonstra “maturidade”, apesar de “estar a ficar impaciente” com a situação política.
O diplomata angolano esclareceu o objectivo principal dos contactos efectuados em Bissau.
“No fundo foi para que todos nos apresentassem o que vêem como a principal causa da crise, se bem que eles não aceitem que existe de facto uma crise. Nós ficamos com a impressão de que sim, é possível encontrar um entendimento com um maior esforço por parte de todos. É um “give and take” para se tentar encontrar uma forma de o país viver”.
Ismael Martins disse que deve haver mais atenção dos partidos à situação de impunidade e ao respeito de normas no país.
A outra prioridade, disse, foi manter em território guineense a força da ECOMIB, a missão da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental de manutenção da paz na Guiné-Bissau. Ismael Martins destacou o contributo da missão regional para criar condições para a dignidade na reforma das forças de segurança e “evitar situações vividas nos outros anos”. O país tem um historial de golpes de Estado e de violência política. O diplomata disse haver a necessidade de adaptar as tarefas do Escritório da ONU de Estabilização da Guiné-Bissau, UNIOGBIS, ao cenário actual. Ainda este mês, a operação iniciou um novo mandato de um ano no país.
Aliciamento de militares
O chefe das Forças Armadas da Guiné-Bissau, general Biague Nan Tan, denunciou há dias várias tentativas de aliciamento de militares para “criarem confusão” e disse que não vai tolerar golpes de Estado. “Vou avisando: não tenho prisão para colocar o soldado que tentar dar um golpe de Estado. O seu lugar é no cemitério. Comigo aqui não há lugar para golpes”, avisou numa cerimónia perante militares.
O general fez referência a “indivíduos que ao invés de investirem o seu dinheiro na campanha da castanha do caju, principal produto de exportação do país, gastam-no na tentativa de instigar os soldados para que criem confusão”.
Nan Tan sublinhou a ideia de tolerância zero a insubordinações militares, que têm sido crónicas na História guineense, numa altura em que o país vive uma crise política que opõe o Presidente da República e o PAIGC, partido do Governo. O líder militar falava durante um discurso em crioulo ao receber os tradicionais cumprimentos de ano novo por parte de soldados e oficiais das Forcas Armadas, no Quartel-General, em Bissau. Por altura da passagem do ano, Nan Tan encontrava-se em tratamento médico no estrangeiro, pelo que só agora a cerimónia ser realizou.

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