Retrospectiva2015: Novo aeroporto impulsiona desenvolvimento de Luanda
O anúncio da continuidade das obras do novo Aeroporto Internacional de Luanda, localizado em Bom Jesus, município de Icolo e Bengo, e a sua conclusão em 2017 foram vistos pela comunidade aeronáutica como o mote para o incremento do investimento ao desenvolvimento da capital do país.
Enquanto o ministro dos Transportes, Augusto Tomás, anunciava que a obra estaria operacional a partir do primeiro semestre do próximo ano, o titular da pasta da Construção, Waldemar Pires Alexandre, descartava a possibilidade dela ser comprometida pela baixa do preço do barril de petróleo no mercado internacional.
O ministro defendeu, na ocasião, que o enfoque do sector da construção está direccionado para os projectos que garantem o asseguramento dos recursos financeiros e por isso vai cumprir com as medidas de políticas definidas no relatório do Orçamento Geral do Estado (OGE) revisto e aprovado pela Assembleia Nacional.
Estas eram garantias de que os projectos ligados a via Luanda/Viana/Catete, eleita colectora do tráfego de passageiros do novo aeroporto internacional, teriam também a sua continuidade.
Para este projecto concorrem intervenções que já se encontram em curso, designadamente a continuidade da via expressa Viana até Catete, a construção da segunda via circular que ligará a Funda a localidade dos Ramiros, passando pelo novo aeroporto.
Estes são trabalhos que visam facilitar o acesso à nova infraestrutura, melhorar a imagem da cidade de Luanda, bem como a circulação de pessoas e bens, e que compreendem ainda a construção e melhoria de vários ramais ferroviários e estações de caminho-de-ferro, acessos rodoviários, ferroviários e redes de estradas.
A via rodoviária será a primeira a ser aberta a norte e a sul da Estrada Nacional 230, que liga a Via Expresso ao novo Aeroporto Internacional de Luanda, passando em paralelo pela estrada de Catete, seguindo-se no mesmo sentido a via ferroviária.
Segue-se o novo corredor sul, que passará pela localidade do Zango e ligará a via principal de acesso ao novo aeroporto numa extensão de cerca de 23 quilómetros e meio, passando a norte pela centralidade de Sequele até a baía.
Os dois novos corredores totalizam cerca de 50 quilómetros, tendo como referência o facto de o corredor de Catete ser dividido em dois trechos, tendo o primeiro 23 quilómetros, e vai da Unidade Operativa de Luanda até a via Expresso (Benfica/Cacuaco) e o segundo, com cerca de 17 quilómetros, vai da via Expresso até ao aeroporto.
Em pormenor, as obras no primeiro trecho preveem a reformulação da actual estrada de Catete, que passará por uma autoestrada urbana, com ruas de serviço laterais para acessos locais, tendo cerca de sete nós, para garantir as travessias de acessos à via principal, com aproximadamente 25 novas passagens pedonais superiores.
No segundo trecho, que já está em execução, prevê-se a construção de quatro nós de acesso e uma nova via de/e para o novo aeroporto.
Paralelamente à intervenção a esse nível, está também garantida a intervenção na parte baixa da capital, nomeadamente no Eixo Viário, nas ruas Ndunduma e Abdel Nasser e no acesso a Boavista até a via Expresso, em direcção ao município de Cacuaco.
Quanto ao eixo ferroviário, foi já aprovada pelo governo a segunda via Bungo/Baia, a execução do ramal ferroviário que vai do Bungo ao novo aeroporto, numa extensão de oito quilómetros, bem como a construção de mais seis estações ferroviárias (Bungo, Musseques, Viana, Capalanca, Musseque Baia e novo Aeroporto Internacional de Luanda).
Estas estações ferroviárias serão multifuncionais e algumas delas terão centros comerciais, com zonas para a realização de “Check-in” de passageiros aéreos, reservando-se os serviços migratórios para o aeroporto.
Com este projecto e no âmbito do Plano Nacional de Desenvolvimento o governo pretende, ainda, estender a rede de táxis, estimular os programas de apoio ao emprego e a mobilidade, consolidar o sistema de controlo de tráfego de passageiros e meios, criar um sistema de transporte de massas eficiente, rápido e isolado (metro de superfície) em Luanda, adoptar medidas que conduzam à implementação do transporte intermodal.
Luanda, neste momento, conta com o Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro que, apesar de possuir um terminal doméstico e um militar, as suas infraestruturas estão “saturadas” e localizadas dentro da malha inter-urbana da cidade, sem possibilidade de expansão.
Daí a construção desta nova infraestrutura aeronáutica surgir como uma “lufada” de ar fresco, criando as condições efectivas de concorrência no sector e aumentando a capacidade de mobilidade nos transportes aéreos, com a entrada de novas companhias nacionais e estrangeiras.
Espera-se que a abertura do novo aeroporto, projectado para um tráfego anual de mais de 10 milhões de passageiros, sirva para a recepção, escala e distribuição a nível das regiões da África Austral e Central, de passageiros e carga, e dada a posição estratégica do país se transforme numa placa giratória na região.
A expectativa, na verdade, é bem maior, acredita-se que o investimento, além de trazer mudanças significativas na imagem e mobilidade da cidade capital, traga, entre outros feitos, o investimento estrangeiro, o fomento do turismo e o desenvolvimento de Angola.
- FOTO: LUCAS NETO