Fundo Soberano apoia projectos em África
Vários projectos apoiados pelo Fundo Soberano de Desenvolvimento de Angola (FSDEA) virados para a área de inovação tecnológica para o desenvolvimento foram apresentados ontem em Luanda, num encontro que contou com a participação de líderes comunitários e representantes de organizações não governamentais, além de jornalistas.
O director da Fundação Africana para a Inovação, Carlos Figueiredo, instituição financiada pelo Fundo Soberano de Angola, fundamentalmente para acções de impacto social, destacou dez projectos em curso, avaliados em 12 milhões de dólares.
Os projectos incidem sobre as áreas da saúde, formação, fornecimento de água e empreendedorismo e estão a ser desenvolvidos nas províncias de Cabinda, Bengo, Huambo, Bié, Cunene, Benguela e Cuanza Norte.
Cerca de três mil famílias agrícolas e 15 micro e pequenas empresas estão a ser formadas Fundação Africana para a Inovação para o fornecimento de bens e serviços essenciais às comunidades, numa parceria com o Fundo Soberano de Angola.
Carlos Figueiredo falou também dos projectos em curso na área da saúde, como parte da missão social do Fundo Soberano de Desenvolvimento de Angola. No sul do país, está em desenvolvimento um programa de cirurgias a cataratas, através da técnica de faco-emulsificação, cirurgia feita com anestesia local e sedação, permitindo que o paciente tenha alta logo a seguir. Nas zonas rurais do Chiulo, Cuando Cubango, está a ser apoiada, segundo Figueiredo, a prestação dos serviços de saúde à população através da formação dos profissionais em procedimentos cirúrgicos.
Carlos Figueiredo lembrou que o actual contexto de crise reforça a importância deste tipo de projectos, que têm por objectivo melhorar o acesso da população à água, à qualidade da educação e o acesso aos mercados por parte de associações ou cooperativas de agricultores.
“A crise pode ser vencida se apostarmos nos recursos que temos”, disse o director da Fundação Africana para a Inovação, sublinhando ainda as acções de fornecimento de água, através de postos de distribuição e a manutenção dos existentes, utilizando métodos de perfuração mais baratos.
No âmbito da acção de inovação para o desenvolvimento, foi ainda lançado o programa “Kijinga”, que tem por objectivo a reconstrução da antiga fábrica de sabão “Super”. O FSDEA e a Fundação Africana para a Inovação estimulam ainda o desenvolvimento de actividades comerciais, de artes e ofícios, com recurso à tecnologia moderna e ao aconselhamento profissional.
Formação de quadros
Num vídeo exibido para os presentes, o presidente do conselho de administração do Fundo Soberano de Desenvolvimento de Angola, Filomeno dos Santos, fez uma apresentação dos avanços do FSDEA na sua missão social, cujo foco está centrado na formação. “É essencial que a juventude participe, cada vez mais, na geração do Produto Interno Bruto (PIB) do país”, disse, lembrando que, em Agosto passado, foi lançada a última fase do projecto “KambaDyami”, baseado na atribuição de um computador por criança.
O objectivo é estimular o ensino através de meios electrónicos em algumas áreas mais desfavorecidas do país. Em Fevereiro de 2014, o Fundo Soberano de Angola iniciou um programa de bolsas, denominado “Futuros Líderes em Angola”, baseado na formação de novos profissionais, e ofereceu 46 bolsas de estudo a jovens angolanos licenciados. Em Abril de 2015, o Fundo Soberano apoiou a organização do Fórum sobre a Nutrição e Segurança Alimentar em Angola.
A estratégia de investimento do FSDEA está alicerçada no seu compromisso com o desenvolvimento socioeconómico do país, e por isso, recebeu uma doação inicial de cinco mil milhões de dólares do Governo angolano. O Fundo Soberano de Angola lançou sete fundos de capital privado para Angola e a África Subsaariana, que incluem: um fundo de 1,1 mil milhões de dólares para infra-estruturas; um de 500 milhões de dólares para a hotelaria em África;outro de 250 milhões de dólares destinado ao investimento mineiro;outro ainda de 225 milhões de dólares para a agricultura; um fundo de investimento de 225 milhões de dólares para a silvicultura; um fundo de investimento de 250 milhões para a saúde e 200 milhões de dólares de investimento em soluções de construção do tipo “Mezzanine”.
Experiências reais
O encontro de ontem contou com a participação de dois prelectores, o administrador do Instituto Nacional de Apoio às Pequenas e Médias (INAPEM), Samora Kitumba, e a presidente do conselho de administração da Ajuda ao Desenvolvimento de Povo para Povo (ADPP) da Noruega, RikkeVolhm. Samora Kitumba aconselhou os empreendedores nacionais a investirem na formação para que tornem os negócios rentáveis e a promoverem a geração de riqueza para o desenvolvimento da comunidade, defendendo que se comece a incutir na juventude noções de empreendedorismo desde o Ensino Secundário.
Samora Kitumba falou da importância das incubadoras do INAPEM e afirmou que, no ano passado, mais de 400 projectos de negócios foram aprovados, embora tenha reconhecido que esse número seja ainda insuficiente para os reais desafios do país. “Temos de mudar de paradigma, obedecendo às regras e abraçar a diversificação económica, mas é também preciso que exista um compromisso político forte e com foco no estabelecimento de metas”, realçou Samora Kitumba.
O administrador do Instituto Nacional de Apoio às Pequenas e Médias falou também das causas do alto nível de informalidade dos negócios. Samora Kitumba disse que, além do excesso de burocracia e das dificuldades no acesso ao crédito, está também a falta de formação na vertente empresarial de muitos empreendedores angolanos.
RikkeVolhm destacou a importância da educação, sublinhando que a sua falta provoca um crónico atraso no desenvolvimento. Como exemplo citou o projecto Escola de Professores do Futuro, que começou há 30 anos em Caxito e até agora formou 8.310 professores.
A escola, referiu, deve ser um “verdadeiro centro de inovação na comunidade”, tendo a infra-estrutura como um “factor importante”, mas com os recursos humanos criativos como “o seu elo fundamental”.
O debate de ontem insere-se nos objectivos do Fundo Soberano de Desenvolvimento de Angola de contribuir para a promoção de uma educação de qualidade, destinada a fazer face aos desafios do futuro com suporte na inovação, num contexto de desenvolvimento e de vertiginosas mutações socioeconómicas e políticas no mundo.