Projecto conjunto já produz petróleo
A produção conjunta de petróleo no campo de Lianzi envolvendo Angola e o Congo Brazzaville vai gerar 40 mil barris por dia, anunciou ontem em Luanda o ministro dos Petróleos.
Botelho de Vasconcelos, que falava depois da vigésima quinta reunião do Comité de Pilotagem, disse que os níveis de produção previstos foram atingidos e os dois Estados estão satisfeitos pelo desenvolvimento dos projetos.
“Houve um envolvimento dos dois Estados e de várias empresas que compõem os empreiteiros. Chegámos ao momento esperado, que é de facto o do início da produção. Agora é preciso acompanhar o comportamento da integridade dos esforços feitos”, frisou Botelho de Vasconcelos.
O ministro dos Petróleos considerou o projecto um exemplo a nível internacional que reflecte as relações “excelentes” entre os dois países. “Existe petróleo do lado angolano, bem como do lado do Congo, e achou-se por bem fazer uma exploração conjunta em que os recursos sejam divididos em partes iguais para cada país”, frisou o ministro dos Petróleos.
Botelho de Vasconcelos afirmou que, não obstante a queda do preço do petróleo no mercado internacional, o projecto vai continuar pelo facto de todas as variáveis terem sido acauteladas desde a fase inicial.
“A baixa do preço do petróleo não causará nenhuma preocupação no nível de produção do campo de Lianzi”, disse Botelho de Vasconcelos. O ministro congolês dos Hidrocarbonetos, Jean Marc, garantiu que o sucesso deste projecto visa mostrar aos países dos Grandes Lagos que é possível dois países desenvolverem acordos económicos que beneficiam ambos os povos vizinhos.
“Congo e Angola têm um percurso de amizade duradouro e esperamos que, com mais este projecto, possamos desenvolver outras parcerias no futuro para benefício dos dois Estados”, destacou o ministro congolês dos Hidrocarbonetos.
O bloco em causa situa-se em águas profundas (até 1000 metros), em alto mar, e cobre uma área de 700 quilómetros quadrados, entre os dois países. O projecto para este campo de produção está avaliado em dois mil milhões de dólares e as estimativas apontam para a existência de reservas de 70 milhões de barris de petróleo.
A localização dos jazigos atravessa as fronteiras comuns e, por isso, foi criado um órgão estatal para fazer o acompanhamento de todo o projecto, que tem à testa os ministros dos Petróleos dos dois países. O mesmo órgão é suportado por um grupo técnico que analisa e soluciona os problemas daí decorrentes. As autoridades de Angola e Congo admitem ser “exemplar” o modo como os dois países tratam os aspectos relacionados com a partilha do recurso petrolífero na zona transfronteiriça. Anualmente realizam-se alternadamente duas reuniões do órgão Inter-Estatal da Comissão de Unitização, em Angola e no Congo.
O consórcio é operado pela norte-americana Chevron (15,75 por cento) e integra também a Total E&P Congo (TEPC) (26,75 por cento), Cabinda Gulf Oil Company Limited (Cabgoc) (15,5 por cento), Sonangol (10 por cento), Totalfinaelf (TFE) (10 por cento), ENI (10 por cento), Société Nationale des Pétroles du Congo (SNPC) (7,5 por cento) e Galp Energia (4,5 por cento).