Zâmbia quer comprar o petróleo em Angola

Fotografia: Rogério Tuti

Fotografia: Rogério Tuti

A Zâmbia quer importar o petróleo e seus derivados de Angola. O interesse na compra do crude angolano foi manifestado por Mulenga Sata, vice-ministro junto da Presidência da Zâmbia, durante uma audiência concedida pelo Presidente José Eduardo dos Santos, ontem, na Cidade Alta.

Segundo o dirigente zambiano, os altos custos de importação de petróleo e seus derivados a partir do Médio Oriente levam o Governo da Zâmbia a procurar alternativas financeiramente mais viáveis e Angola parte em vantagem devido a factores como proximidade geográfica, a existência de infra-estruturas rodoviárias e ferroviárias de dimensão regional e um conjunto de valências da indústria do petróleo e gás.
O Governo liderado pelo Presidente Edgar Lungo mostra-se igualmente interessado em encurtar distâncias e ganhar vantagens também nos produtos refinados, pelo que, de acordo com Mulenga Sata, as notícias sobre a construção de refinarias em Angola animam sobremaneira o mercado zambiano. “Gostaríamos de aproveitar a futura capacidade de Angola em termos de produtos refinados, porque sabemos que Angola tem três projectos de construção de refinarias em carteira e achamos que também podemos tirar proveito de tudo isso”, declarou.
O dirigente zambiano enfatizou a atenção que o Governo do seu país tem dado ao reforço das relações com Angola, alargar ao máximo a esfera de cooperação, sempre na perspectiva de maximizar as vantagens do factor proximidade geográfica.“A nossa aposta no momento é reforçar a cooperação na área de recuperação de infra-estruturas rodoviárias e ferroviárias que vão facilitar a circulação desses produtos”, disse Mulenga Sata, que citou como exemplo o canal que vai de Xangongo ao Rivungo.
O interesse da Zâmbia em tirar proveito das infra-estruturas económicas em Angola, com destaque para o sector de transportes ferroviários, foi evidenciado aquando da visita oficial do Presidente Edgar Lungo a Angola, no mês de Fevereiro. O líder da Zâmbia foi à província do Moxico onde, juntamente com os homólogos de Angola e da República Democrática do Congo, assistiram à cerimónia oficial de conclusão do projecto de recuperação do Caminho de Ferro de Benguela (CFB). Angola e a Zâmbia partilham uma vasta fronteira terreste e têm dado sinais de cada vez maior aproximação político-diplomática, quer a nível bilateral, quer no plano regional e internacional.

Situação no Burundi 

O Presidente da República, José Eduardo dos Santos, líder em exercício da Conferência Internacional para a Região dos Grandes Lagos (CIRGL), recebeu em audiência o ministro dos Negócios Estrangeiros do Burundi, Alain Aimé Nyamitwe. Portador de uma mensagem do Presidente Pierre Nkurunziza, o ministro Alain Aimé Nyamitwe considerou “muito positivos” os resultados do encontro com o Chefe de Estado angolano e destacou o desejo de ver cada vez mais reforçados os laços de amizade e cooperação entre os dois países.
“Conversámos sobre formas de se incrementar e reforçar a cooperação, quer no plano bilateral quer internacional, uma vez que os dois países são membros da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRGL) e da União Africana”, disse Alain Aimé Nyamitwe, antes de sublinhar o papel de liderança do Chefe de Estado angolano na organização regional.
O ministro dos Negócios Estrangeiros do Burundi informou o Presidente angolano sobre a situação política e de segurança, salientando que a normalidade volta ao Burundi tão logo entrem em funções as autoridades eleitas recentemente.  “Já temos instituições eleitas, resultantes do voto popular. Daqui a algum tempo todas as instituições eleitas de forma democrática vão tomar os seus assentos e isso fará com que o Burundi volte a funcionar na normalidade”, referiu. Alain Nyamitwe admitiu existir ainda alguns focos de tensão, lamentando o assassinato do general Adolphe Nshimirimana, ocorrido a 2 de Agosto, e frisou que os órgãos de defesa do Estado estão a envidar todos os esforços no sentido de localizar os autores do crime e serem julgados.

Suspeita de ingerência externa

Nyamitwe falou ainda de diligências que estão em curso no sentido de deter e levar a julgamento os mentores das escaramuças no Burundi e, sem indicar nomes, falou de “fortes suspeitas de um plano de desestabilização com envolvimento de um país vizinho”.
O Burundi está mergulhado num clima de forte tensão política desde o anúncio, em Abril, da candidatura do Presidente Pierre Nkurunziza, que a oposição considera inconstitucional. As autoridades burundesas frustraram, em Maio último, uma tentativa de golpe de Estado.
Desde a anunciada reeleição, a 21 de Julho, do Presidente Nkurunziza, a onda de violência intensificou-se. O assassinato do general Adolphe Nshimirimana, figura-chave da frustração da tentativa de golpe de Estado, representou um duro golpe para a liderança do Presidente Pierre Nkurunziza, que ordenou o esclarecimento do crime e a apresentação dos envolvidos para que sejam julgados e condenados.

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