Internacionalização do yuan interessa ao Fundo Monetário
Uma equipa do Fundo Monetário Internacional chegou ontem à China para estudar a possível inclusão do yuan no cartaz de moedas em que se baseia a divisa interna da instituição, os chamados Direitos Especiais de Saque.
O jornal “China Daily”, publicou que membros do FMI vão recolher dados e discutir com as autoridades chinesas os assuntos técnicos para uma possível incorporação da moeda do “gigante asiático” nesta divisa. A inclusão do yuan nos Direitos Especiais de Saque, um activo criado em 1969 e que actualmente inclui o euro, o dólar norte-americano, a libra esterlina e o iene japonês, é uma velha aspiração das autoridades de Pequim.
Vários países do Médio Oriente manifestaram-se a favor do uso do yuan nas transacções internacionais. Na região do Médio Oriente assiste-se a um maior apoio ao yuan, sobretudo no seio do Conselho de Cooperação do Golfo. Os bancos chineses e dos Emirados Árabes Unidos tentam um acordo de “swap” cambial no valor de cerca de cinco mil milhões de euros.
Desde Outubro de 2013, o yuan subiu cerca de 14 por cento em relação à outras moedas. As autoridades chinesas e os representantes do FMI reuniram-se recentemente para fazer uma avaliação técnica dessa inclusão.
A China quer que o yuan passe este ano a transformar-se numa das divisas com as quais se estabelece o valor dos direitos especiais de circulação, a moeda empregada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), como reflexo do seu peso na economia mundial.
Além disso, Washington depreciou também a sua oposição a que parceiros europeus se incorporem ao Banco Asiático de Investimento em Infra-estruturas (AIIB), mais um passo rumo a um maior peso de Pequim contra o chamado “Consenso de Washington” nascido após a Segunda Guerra Mundial.
O yuan vai tornar-se uma moeda totalmente internacional, mas apenas daqui a 15 ou 20 anos, estima Dai Xianglong, antigo governador do banco central chinês. O primeiro passo é fazer do yuan uma moeda utilizada nas trocas comerciais, o segundo é permitir aos investidores a colocação e retirada dos seus fundos da China e o terceiro é fazer uma moeda de reserva internacional, explicou Dai Xianglong, que actualmente dirige o Fundo Nacional de Segurança Social chinês.
Para atingir essas “três etapas” são precisos entre 15 a 20 anos, afirmou. O yuan, que actualmente não é convertível nas contas de capitais, continua estritamente indexado ao dólar, com uma margem de flutuação diária de apenas 0,5 por cento em relação ao dólar e a uma taxa central fixada diariamente pelo banco central.
Pequim já encoraja a utilização da sua moeda nas trocas comerciais com os países vizinhos da China e já permite a alguns investidores estrangeiros a utilização dos yuans ganhos no exterior. O Governo chinês desconfia dos fluxos especulativos e mantém um controlo estreito sobre os movimentos de capitais.