Diversificar a economia com quadros competentes

Fotografia: Kindala Manuel

Fotografia: Kindala Manuel

O economista Manuel Nunes Júnior pede atenção especial ao Plano Nacional de Formação de Quadros para que todo o processo de diversificação da economia seja realizado por quadros técnica e cientificamente competentes.

Em declarações ontem ao Jornal de Angola, o economista defende que o processo de diversificação da economia nacional seja cada vez mais inclusivo, dando oportunidades iguais a todos os cidadãos de acesso ao mercado e de evidenciar o seu talento e habilidades empresariais.
O Plano Nacional de Formação de Quadros é o instrumento de execução da Estratégia Nacional de Formação de Quadros, que tem como objectivo assegurar a disponibilidade de profissões e competências estratégicas, de quadros superiores e médios, essenciais ao desenvolvimento de longo prazo. Uma das estratégias, até 2025, é promover o acesso dos angolanos a um emprego produtivo, qualificado e assegurar a valorização sustentável dos recursos humanos nacionais.
“O empresariado nacional deve assumir um papel de destaque e de grande relevância neste processo de diversificação da economia nacional, devendo ter acesso privilegiado às cadeias produtivas e a facilidades financeiras e creditícias, para que possamos ter uma economia de mercado alicerçada nos empresários nacionais”, afirmou o economista, que acrescentou que “quanto maior o grau de inclusão das sociedades, maior a eficiência e capacidade de garantir o bem-estar e felicidade dos cidadãos”.
Professor titular da Universidade Agostinho Neto e presidente da Comissão de Economia e Finanças da Assembleia Nacional, Manuel Nunes Júnior defende a aceleração da diversificação da economia para diminuir a vulnerabilidade da economia das oscilações do preço de petróleo no mercado internacional, cujo comportamento nos próximos tempos é imprevisível.
Para fazer face à redução do preço do petróleo, disse, são necessárias medidas de contenção de gastos, que devem garantir a estabilidade do país e a continuação do processo de crescimento e de criação de emprego.
Manuel Nunes Júnior afirma que “ênfase fundamental recai nos programas dirigidos, em particular aos ligados aos sectores prioritários para a industrialização do país”. Um dos grandes objectivos da diversificação da economia, sublinhou, é aumentar a produção doméstica, reduzir a dependência nacional das importações, fortalecer o tecido empresarial nacional, promover a criação de emprego e diversificar as fontes de receitas fiscais e de divisas.
Para garantir um crescimento económico integrado, o Executivo definiu alguns clusters, que são concentração de empresas que comunicam entre si por possuírem características semelhantes e coabitarem no mesmo local.
O objectivo é acelerar o desenvolvimento, evitar desperdícios, com ganhos em economias de escala. Foram definidos o cluster de Energia e Águas, da Agricultura, Pescas, Alimentação e Agro-Indústria, da Habitação, dos Transportes e Logística, da actividade Extractiva, do Petróleo e Gás Natural, do Turismo, do Lazer e de outros serviços.
“A lógica dos clusters assenta numa relação mutuamente benéfica entre o Estado, o empresariado nacional e o empresariado internacional”, afirma, para acrescentar que ao Estado cabe o papel de liderar a estruturação dos principais aglomerados de empresas, desencadear a aceleração dos grandes investimentos públicos e actuar como regulador.
A liderança dos projectos cabe ao empresariado nacional, aproveitando o seu conhecimento e facilidade de acesso local, bem como os benefícios no acesso ao crédito e até à própria concessão dos projectos. O empresariado internacional tem uma função de aporte de tecnologias e capital muito relevante para o sucesso da operação em qualquer projecto.
“No cluster da Alimentação e Agro-Indústria encontramos os programas dirigidos da agricultura comercial, pecuária e agro-indústria, da agricultura familiar, das pescas e da floresta“, exemplificou o economista.
No programa de Agricultura Comercial, Pecuária e Agro-Indústria, disse o economista, estão projectos aceleradores, como a Fazenda Pungo Andongo, Projecto Biocom, Projecto de Desenvolvimento Agrícola da Quiminha, Polo Agro-Industrial do Longa, Projecto Integrado de Moagens e Fábrica de Rações.
Os projectos, acrescentou o economista, contribuem para aumentar a produção nacional, sobretudo bens de consumo, diminuir importações e reduzir a pressão sobre as divisas, que devem ser utilizadas para importar matérias-primas e bens de equipamento.

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