RELANÇAMENTO DA PRODUÇÃO DE ALGODÃO BENEFICIA MAIS DE MIL AGRICULTORES

Fábrica África Têxtil de Benguela Foto: Pedro Parente

Fábrica África Têxtil de Benguela
Foto: Pedro Parente

O relançamento da produção de algodão, para garantir a sustentabilidade da África Têxtil, em Benguela, prevê criar oportunidades para mais de mil pequenos agricultores.

Avaliada em 420 milhões de dólares, a fábrica África Têxtil, localizada na zona industrial da cidade de Benguela, esteve paralisada por falta de algodão, tendo a sua gestão sido adjudicada, em regime de exploração, por meio de um concurso público de privatização, à empresa Baobab Cotton Group, originária do Zimbambué.

Falando durante a cerimónia de retoma das operações da fábrica, o director-geral da firma Baobab, Laurence Zlatenen, anunciou que a unidade irá necessitar de mil e 300 toneladas métricas de fibra de algodão por mês .

“Acreditarmos que irá garantir um fornecimento estável e confiável da fibra de algodão, bem como outros produtos agrícolas que habilitarão Angola a integrar-se na cadeia global de fornecimento de produtos têxteis e vestuários”, afirmou.

Enquanto a referida matéria-prima, fundamental para o sector têxtil não for colhida em Angola, o gestor referiu que a empresa necessitará de importar fibra de algodão a partir das suas fazendas no Zimbabué, factor que obrigará a contratação de mais operários fabris.

A Baobab Cotton Group pretende implementar infra-estruturas e equipamentos agrícolas em três locais já identificados nas províncias de Malanje, Cuanza Norte e Cuanza Sul, para relançar a produção do algodão, como forma de garantir a sustentabilidade da indústria têxtil nacional, como explicou a fonte.

Sublinhou que a fábrica reabriu com 175 colaboradores e prevê iniciar, simultaneamente, a formação de 150 pessoas, dando oportunidades de emprego a 325 colaboradores, com destaque para jovens e mulheres nas  áreas de costura e fiação desta unidade.

A expectativa é que, com o processo de importação de algodão a partir do Zimbabué, o número de postos de trabalho chegue a 750 colaboradores até finais deste ano. Mas, o director-geral da firma Baobab perspectiva a criação de mais 750 empregos, assim que o algodão começar a ser colhido em Angola, ou seja, em 2022.

Acrescentou que os produtos agrícolas e têxteis vão apoiar a criação de empregos e pequenos negócios no sector de serviços que utilizam tecidos para a criação de produtos, como artigos domésticos, uniformes escolares e de pessoal de segurança, assim como batas e aventais para laboratórios e hospitais.

Já o empresário do ramo agrícola António Manuel Monteiro olha com satisfação para o programa de relançamento da produção de algodão e adianta já ter sido contactado para a possibilidade de abraçar esse desafio.

“É mais uma porta que se abre para apoiar a actividade agrícola e industrial”, realçou, apontando a criação de mais empregos como os principais ganhos do investimento do Estado na modernização e reabilitação da África Têxtil.

A indústria têxtil angolana conta, actualmente, com três grandes fábricas de tecidos recentemente reabilitadas pelo Governo, nomeadamente a Satec (Cuanza Norte), Textang II (em Luanda) e a África Têxtil (em Benguela), que se dedicam à fiação, tecelagem e confecções.

A produção do algodão em Angola data de 1926. Até 1961, a colheita anual não ultrapassava as 10 mil toneladas de algodão fibra. Mas, em 1973 viria a atingir uma cifra de cerca de 86 mil toneladas, tendo, nesse ano, o país entrado na lista dos maiores produtores mundiais desta cultura.

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