Obra de Deolinda exposta em Lisboa

AYC2RN3Z

Uma exposição inédita sobre o percurso da nacionalista angolana Deolinda Rodrigues marca hoje em Lisboa a abertura da Jornada Março Mulher que é promovida pelo secretariado do comité da OMA em Portugal.

Com o lema “OMA: firme no apoio à mulher rural”, a abertura da Jornada Março Mulher em Portugal inclui também uma exposição de poemas da antiga guerrilheira e nacionalista, a ter lugar na sede da Associação de Estudantes Angolanos, na capital portuguesa. A exposição, de acordo com uma nota da OMA, visa homenagear e demonstrar a dimensão político-cultural de Deolinda Rodrigues, assim como a sua disponibilidade e sacrifício em prol da libertação do povo angolano das garras colonialistas portuguesas.

Além de poemas manuscritos inéditos de Deolinda Rodrigues, são também expostas a biografia e cartas dirigidas a companheiras de luta, durante o conturbado processo de libertação nacional. “Numa das cartas, curiosamente datada de 11 de Novembro de 1963, quando o governo do então Zaíre (actual Congo Democrático) expulsou o MPLA, obrigando-o a transferir a sua sede para Brazzaville (República do Congo), Deolinda Rodrigues escreve convicta que, caso acontecesse alguma tragédia, tínhamos de continuar a lutar sempre, até à vitória”, assinala a nota.

Da Jornada Março Mulher em Portugal consta em 2 de Março (Dia da Mulher Angolana), a realização de uma palestra sobre “O papel da família no resgate dos valores cívicos, éticos, culturais e morais angolanos”, orientada pela ministra conselheira da Embaixada de Angola em Portugal, Isabel Godinho. A palestra, moderada por Elisa Vaz, coordenadora da Comissão de Auditoria e Disciplina do Comité da OMA em Portugal, é antecedida de uma declamação de poemas de Deolinda Rodrigues Francisco de Almeida.

Com o nome de guerra “Langidila”, Deolinda Rodrigues nasceu a 10 de Fevereiro de 1939, em Catete. Em 1959, obteve pela Missão Evangélica uma bolsa de estudos em sociologia no Brasil, mas quase dois anos depois abandona este país por força de um acordo de extradição estabelecido entre Brasil e Portugal, partindo para Illinois (Estados Unidos), onde continua os estudos. Antes de concluir o curso, Deolinda Rodrigues decide regressar a África e dedicar-se à luta de libertação de Angola. Depois de uma curta estadia na Guiné-Conacri, Deolinda Rodrigues muda-se em 1962 para Kinshasa, onde se encontrava a direcção do MPLA, dirigindo o Corpo Voluntário de Assistência aos Angolanos Refugiados (CVAAR), organização que prestava ajuda médico-social a mais de três mil angolanos refugiados.

Em Kinshasa, Deolinda ajudou a criar as estruturas da OMA e mais tarde foi secretária da sua secção médica. Na primeira Conferência Nacional do MPLA, no final de 1962, é eleita membro do Comité Director, ocupando o cargo de responsável do Departamento de Assuntos Sociais. Em 1963, aquando da expulsão do MPLA para Brazzaville, Deolinda Rodrigues continuou a prestar apoio aos refugiados, a organizar aulas de alfabetização e foi locutora no programa de rádio do MPLA “A voz de Angola combatente”.

A 2 de Março de 1967, que passou a ser assinalado como o Dia da Mulher Angolana, Deolinda Rodrigues e mais quatro responsáveis da OMA (Engrácia dos Santos, Irene Cohen, Lucrécia Paim e Teresa Afonso) foram aprisionadas em Kamuna, Congo Kinshasa, pelas tropas da UPA (FNLA) e posteriormente mortas em circunstâncias ainda por esclarecer.

FacebookTwitterGoogle+