Diversificação económica com apoio da Coreia do Sul

Fotografia: João Gomes

Fotografia: João Gomes

O embaixador sul-coreano acreditado em Angola, Kim Dong-chan, reafirmou ontem, em Luanda, a disponibilidade e o interesse de empresários do seu país investirem no desenvolvimento de sectores fora da actividade petrolífera em Angola para acelerar a diversificação económica e de industrialização.

Kim Dong-chan, que fez estas declarações à saída de uma audiência que lhe foi concedida pelo Vice-Presidente da República, Manuel Vicente, disse que o fomento de sectores fora da indústria petrolífera é possível com o aumento da implantação de empresas sul-coreanas nas áreas da agricultura, pescas, pecuária e com o relançamento, entre outras, da produção do algodão.
O encontro com o Vice-Presidente da República permitiu discutir aspectos da cooperação entre os dois países nas áreas da saúde e das relações internacionais.
“A nossa cooperação assenta fundamentalmente na vertente política, segurança e defesa, mas pretendemos também uma cooperação económica forte e abrangente”, afirmou o diplomata que destacou o grande potencial e oportunidades de negócio existentes em Angola.
O embaixador Kim Dong-chan considerou a cooperação entre os dois países excelentes, sendo notável, actualmente, a presença da Coreia do Sul em sectores como o automóvel e o tecnológico, além de apoiar projectos de desenvolvimento agrícola e  de formação de quadros.
“Temos todo interesse que as nossas empresas, já em actividade em Angola, intensifiquem as parcerias com as empresas locais e permitir que outras venham investir em breve”, disse, lembrando que Angola é neste momento um grande consumidor das marcas coreanas de automóveis, equipamentos electrónicos e tecnologias em geral. O diplomata qualificou o quadro como “bom sinal” para o investimento sul-coreano, na medida em que a intenção é reforçar a acção das grandes multinacionais em Angola e a sua implantação, numa perspectiva que favoreça a industrialização de Angola.
“Vamos procurar investir mais na área da agricultura e pecuária e dar o nosso contributo ao trabalho que Angola está a fazer na capacitação, treinamento e formação de capital humano para esta área. Além disso, vamos intensificar a implantação das fabricantes destas grandes marcas em Angola, para apoiar o seu desenvolvimento industrial”, salientou, lembrando que mais de 50 empresas coreanas operam em Angola. Embora não tenha adiantado números, falou do interesse que muitas empresas têm pelo mercado nacional, principalmente na produção e fabrico de equipamento de última geração para a agricultura e a pecuária e no relançamento da produção de algodão, área que já absorveu um investimento de 40 milhões de dólares.

Conselho de Segurança

No âmbito das relações internacionais, o diplomata sul-coreano disse ver com “bons olhos” o facto de Angola, enquanto membro não permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, gozar de alguma influência na geopolítica mundial e, por isso, tem uma palavra a dizer quanto à necessidade de serem impostas sanções à vizinha Coreia do Norte.
“Temos esperança de que Angola face à sua posição no Conselho de Segurança das Nações Unidas venha a jogar um papel importante quanto à imposição de sanções à Coreia do Norte. Este é um assunto que abordei com o Vice-Presidente no encontro que tivemos”, disse.

Febre-amarela

Além de aspectos relacionados com a cooperação, o encontro serviu também para avaliar as relações na área da saúde. O embaixador sul-coreano garantiu a disponibilidade do seu país em ajudar Angola a ultrapassar a epidemia de febre amarela, com que o país se debate desde finais do ano passado.
Para ajudar a combater a doença, a Coreia do Sul disponibilizou um pacote financeiro para a aquisição de mais vacinas antiamarílicas. “Queremos que Angola erradique o mais rapidamente possível essa doença”, disse Kim Dong-chan. As trocas comerciais entre os dois países têm registado uma evolução positiva. As exportações da Coreia do Sul para Angola estão avaliadas em 1.950 milhões de dólares, ao passo que as importações de Angola são de 150 milhões.

Cooperação na Defesa   

Ainda ontem o embaixador Kim Dong-Chan reuniu com o ministro da Defesa Nacional, João Lourenço, a quem manifestou disponibilidade para cooperar com Angola na área de defesa. O diplomata disse que o encontro visou, sobretudo, analisar e reforçar o quadro das relações bilaterais no domínio da defesa entre os dois países e a possibilidade de o governante angolano efectuar uma visita à Coreia do Sul.
“O principal objectivo do encontro foi a promoção da cooperação entre os dois países na área da defesa e, também, definir uma data para que o ministro João Lourenço efectue uma visita ao nosso país”, disse Kim Dong-Chan. O diplomata considerou que a visita do ministro da Defesa Nacional à Coreia do Sul pode ajudar a definir eventuais acordos. Embora não exista ainda uma data acordada, o diplomata sul-coreano manifestou o desejo de que a mesma venha a acontecer o mais rápido possível, tendo ressaltado que a relação de cooperação entre Angola e a Coreia do Sul está muito focada na área económica.
Kim Dong-Chan reconheceu que muito há por fazer para incrementar os níveis de cooperação no sector de defesa. “A nossa presença aqui tem como propósito o diálogo, para ampliar a cooperação no ramo militar”, justificou. Para reforçar a cooperação, a Coreia do Sul estabeleceu, no seu Parlamento, o Grupo de Amizade Coreia/Angola, cujo presidente, Lee Hag Jae, visitou Angola no ano passado, e disse acreditar que Angola pode tornar-se uma das grandes potências mundiais nos próximos anos.

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