Diamantes duplicam a produção em três anos

Fotografia: Kindala Manuel |

Fotografia: Kindala Manuel |

Angola pode duplicar a produção diamantífera nos próximos três anos, com o início de novos projectos, anunciou ontem o presidente do Conselho de Administração da Empresa Nacional de Diamantes (ENDIAMA), em entrevista ontem à Rádio ONU, em Nova Iorque.

Carlos Sumbula  defendeu a necessidade de evitar que a grande oferta provoque a redução de preços do mineral. Angola em 2015 produziu  8,837 milhões de quilates de diamantes, um valor recorde, que rendeu ao país uma receita de 1,107 mil milhões de dólares, contra os 1,3 mil milhões de dólares no ano anterior.
No balanço anual, o ministro da Geologia e Minas, Francisco Queirós, considerou positivo o desempenho do sector em 2015, numa altura em que os preços da matéria-prima regista uma queda significativa no mercado internacional.
“Ainda há  um ano e meio   descobrimos  um quimberlito de calibre mundial. Isso significa que dentro de  dois a três anos nós podemos duplicar a produção de diamantes no país”, adiantou  Carlos Sumbula que defende uma comercialização com concertação internacional para equilibrar o mercado.
As negociações, neste momento, envolvem grandes produtores mundiais de diamantes como a África do Sul, a Austrália e o Botswana. Com nove milhões de quilates de mineral extraído no ano passado, Angola é o terceiro maior produtor mundial de diamantes. Carlos Sumbula considerou o positivo o relacionamento no sector com países lusófonos, fortalecido em 2015, quando Angola presidiu ao Processo Kimberley para certificar a exportação de diamantes.
O desempenho de Angola à frente da organização, sobretudo na execução do programa de combate ao comércio ilícito de diamantes.
“Neste momento todas as acções e documentos necessários para que Moçambique faça parte do processo Kimberley foram lançados e estão a ser tratados. No que diz respeito ao Brasil, cooperamos em vários domínios”, sublinhou.
Com o desempenho de Angola, desde a criação em 2002 do Processo Kimberley, 99 por cento de diamantes são agora exportados com o controlo do mecanismo de certificação impedindo deste modo que as jóias preciosas sirvam para financiar conflitos armados e actos terroristas.

Acima das expectativas

A produção de diamantes em Angola, no ano passado, ultrapassou a meta prevista no Plano Nacional de Desenvolvimento (PND) revista, atingindo os 103 por cento perspectivados pelo Governo.
Em relação às rochas ornamentais, registou-se uma produção de 39.533 metros cúbicos de rochas ornamentais no seu conjunto, o que representa um cumprimento de 71.4 por cento dos 55 mil metros cúbicos previstos no Plano Nacional de Desenvolvimento.
“O valor dessas rochas ornamentais foi de 8,358 milhões de dólares. O Plano Nacional de Desenvolvimento previa 6,626 milhões de dólares, o que representa um cumprimento de 126 por cento”, salientou o ministro da Geologia e Mina. Em relação aos inertes, a produção total foi de 4.508.828 metros cúbicos, o que representou um cumprimento de 129 por cento sobre as metas do Plano Nacional de Desenvolvimento. “Estamos em presença de um ano que, em termos de produção, foi bastante positivo para o executivo”, disse Francisco Queirós. No plano do licenciamento e cadastro, o sector registou a emissão de 33 licenças, 21 das quais para a produção de rochas ornamentais e inertes, três para os diamantes e uma para o ouro, tendo gerado 120 milhões de kwanzas para os cofres de Estado.
“É uma informação que me parece bastante positiva, embora o valor seja diminuto em termos orçamentais, mas é um sinal muito positivo, porque é a primeira vez que conseguimos atingir esse valor, graças ao trabalho de cobrança de taxas e emolumentos que tem sido feito de modo sistemático, transparente e com rigor”, acentuou.
O ministro da Geologia e Minas garantiu que alguns projectos aprovados, em 2015, podem entrar em funcionamento em finais deste ano e princípios de 2017, num investimento de cerca de 2,5 mil milhões de dólares em cinco anos. No total, vão gerar cerca de 3.500 empregos directos nesse período. Trata-se dos projectos diamantíferos do Luachi, na província da Lunda Sul, três para a produção de ferro, na província do Cuando Cubango e do Cuanza Norte, para a produção de cobre, na província do Uíge, de fosfato nas províncias do Zaire e de Cabinda, e de ouro na província da Huíla.

FacebookTwitterGoogle+