Bélgica interessada nos diamantes

Fotografia: Francisco Bernardo

Fotografia: Francisco Bernardo

O reforço da cooperação entre Angola e o Reino da Bélgica, fundamentalmente no sector dos diamantes, foi uma das intenções manifestadas ontem em Luanda pelo Vice-Primeiro-Ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros, do Comércio Externo e Cooperação para o Desenvolvimento da Bélgica, Didier Reynders.

Na capital angolana desde domingo, o governante belga foi recebido ontem no Palácio Presidencial da Cidade Alta, pelo Presidente da República, José Eduardo dos Santos. O encontro, disse Reynders, serviu para falar de “como podemos aprofundar a nossa cooperação, pois temos um universo de oportunidades para duas economias que têm muito em comum”.
Para o governante belga a cooperação entre Angola e a Bélgica, particularmente, no sector dos diamantes é como “juntar a fome à vontade de comer”. Como produtor de diamante bruto, Angola ocupa o quarto lugar no ranking mundial, e o ano passado anunciou a descoberta do kimberlito Luaxe, uma das maiores reservas conhecidas no país, que segundo a Endiama, permite aumentar a capacidade de produção para 16 milhões de quilates.
Esse enorme potencial pode ser um elo muito importante para cooperar, assinalou Reynders, numa alusão ao facto de a Bélgica ter no seu território o maior centro do mundo de comércio de diamantes. Na cidade de Antuérpia, região da Flandres, são comercializados 80 por cento dos diamantes brutos do mundo e 50 por cento dos lapidados.
Outra área de cooperação que o governante belga gostava de ver melhorada tem a ver com o transporte aéreo. Reynders lembrou que a companhia aérea belga opera em Angola com três voos semanais e a visita também vem ajudar a encetar conversações sobre como ajudar a encontrar soluções para toda e qualquer dificuldade que possa existir nas formas de pagamento por parte dos clientes. O vice-primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros, Comércio e Cooperação para o Desenvolvimento belga manifestou interesse em explorar outras áreas de cooperação, como energias renováveis, tratamento de água, no sector da saúde e tratamento do lixo.
Reynders destacou o que Angola tem feito em relação aos direitos humanos, a nível do Conselho de Segurança das Nações Unidas, e quis agradecer neste particular o papel do Presidente José  Eduardo dos Santos por ser um dos defensores do diálogo como meio de ultrapassar conflitos.
O Presidente angolano deve continuar a incentivar o diálogo no Burundi, na RDC e noutras regiões em crise, disse. “O diálogo é a melhor via para a saída da crise política no Burundi e mesmo na RDC é preciso continuar a dialogar sobre a realização de eleições presidenciais”, defendeu. O ministro das Relações Exteriores, que acompanhou Reynders no Palácio Presidencial, destacou a abertura e o diálogo permanente entre as duas diplomacias. Georges Chikoti referiu que Angola e Bélgica têm mantido diálogo permanente sobre como contribuir para a paz no Burundi e em outros casos de conflitos pelo mundo. “As nossas relações são boas. É importante essa abertura que temos para conversar sobre estes temas”, avaliou.

Conversações oficiais

Por ocasião da visita de Didier Reynders a Angola, foram realizadas ontem conversações oficiais entre os dois países, que resultaram num memorando que segundo o ministro Chikoti consta de um conjunto de tarefas que vai permitir relançar a cooperação política e económica entre os dois países.
O ministro das Relações Exteriores defendeu uma nova dinâmica na relação bilateral, através de actualização dos instrumentos de cooperação e da identificação de novas áreas de cooperação, tendo em atenção a actual realidade sociopolítica e económica dos dois países. Chikoti disse esperar que os dois países continuem a desenvolver e a consolidar uma relação no contexto das Nações em benefício mútuo.
Ontem, antes de deixar Luanda com destino à República Democrática do Congo, onde deve encontrar-se em Kinshasa com várias personalidades políticas congolesas, no âmbito do diálogo para a estabilidade na RDC, o vice-primeiro ministro belga manteve ainda um encontro de trabalho com o ministro da Geologia e Minas, Francisco Queiroz.
No seu périplo africano, o vice-primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros belga é acompanhado pelo Enviado Especial da Bélgica para os Grandes Lagos, Franck de Coninck, e altos funcionários do seu Gabinete.

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