Angola e França estreitam cooperação cultural

Ministro Filipe Zau desloca-se a França para reforço da cooperação

Angola e a França perspectivam assinar um acordo de cooperação cultural, no quadro do reforço da cooperação entre os dois Estados.

O acordo tem como objectivo, por um lado, promover o conhecimento recíproco da cultura e da história de ambos os países, utilizando a cultura como alavanca para atingir uma melhor qualidade de vida para os respectivos povos, tendo em conta o impacto desta sobre o desenvolvimento socio-económico, e por outro, consolidar e fortalecer os laços de amizade e de compreensão mútua.

Em nota a que a ANGOp teve acesso, a representação diplomática angolana em França avança que o acordo será assinado pelo ministro da Cultura, Turismo e Ambiente, Filipe Zau, e pela sua homóloga francesa, Roselyne Bachelot,

A assinatura do acordo terá lugar durante a cerimónia oficial de entrega ao Estado francês de duas esculturas francesas do século XVIII de grande valor histórico e artístico, doadas pelo Estado angolano, no âmbito de um protocolo de parceria entre os ministérios da Cultura de Angola e de França, assinado em Setembro de 2021.

Para além da assinatura do acordo de cooperação cultural e da escritura de doação através da qual se formaliza a transferência de propriedade das esculturas doadas, a cerimónia incluirá a inauguração de uma exposição ilustrando o percurso das esculturas desde a sua criação até à sua remoção do jardim da Embaixada de Angola, assim como a apresentação de uma placa de mármore que consagra a República de Angola como um dos grandes mecenas do castelo de Versalhes.

As duas obras de arte em questão, um conjunto escultórico denominado Zéphyr, Flore et l’Amour e uma escultura denominada l’Abondance, tinham sido encomendadas, respectivamente, pelos reis Luis XIV e Luis XV, para decorarem os jardins dos seus castelos, e fazem parte do património de Versalhes que ficou disperso como consequência da Revolução, e sobre o qual o castelo tem estado a envidar um grande esforço desde há cerca de dois séculos para a sua localização e recuperação.

Propriedades do Estado angolano desde 1979, data em que foi adquirido o edifício da embaixada em França em cujo jardim se encontravam, as esculturas foram localizadas em 2018 por um especialista de Versalhes que desconhecia o seu paradeiro e que tinha feito um estudo aturado dos arquivos disponíveis sobre as vendas que envolviam o património do castelo e as sucessivas mudanças de proprietário, com o objectivo de inventariar e fazer uma busca nos bens imóveis de todos os descendentes, na esperança de que as obras ainda se encontressem em França.

Em resposta à solicitação do castelo de Versalhes, o Estado angolano concordou em doar as esculturas ao Estado francês, em nome das excelentes relações de cooperação bilateral, incluindo no domínio da cultura, tendo em consideração o respeito pela história, pelo património e pela identidade cultural dos povos.

Com este gesto, o Estado angolano reafirma a sua convição sobre a primazia de cada país no usufruto da sua própria criação artística.

Os dois estados têm ainda previsto algumas acções de cooperação cultural bilateral decorrentes do protocolo de doação de esculturas, nomeadamente o intercâmbio entre profissionais de ambos os países no domínio dos museus e do património, que será materializado com a ida de técnicos angolanos a Versalhes, em Maio próximo, e no domínio da definição e implementação de políticas e de legislação cultural, que levará peritos do Ministério da Cultura de França a Angola, ainda este ano.

A Embaixada de Angola receberá do castelo de Versalhes, em Julho próximo, duas réplicas das esculturas para substituírem os originais doados à França.

Já a exposição, que será inaugurada no dia 4 de Fevereiro, permanecerá aberta ao público durante três meses depois dos quais as obras de arte integrarão as salas do museu nacional dos castelos de Versalhes e de Trianon, mostrando nos respectivos rótulos a inscrição: “Doação da República de Angola em 2022”.

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