Angola e Egipto apostam no fim dos embargos

Fotografia: Mota Ambrósio

Fotografia: Mota Ambrósio

O Egipto pretende cooperar com Angola e demais países africanos membros não permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas, para o levantamento das sanções impostas à República Centro Africana (RCA) e ao Sudão do Sul, anunciou, ontem, em Luanda, o ministro das Relações Exteriores.

Georges Chikoti referiu que  a pretensão do Egipto esteve na base da presença de um representante do Cairo, como observador, nos trabalhos da sexta Cimeira Ordinária dos Chefes de Estado e de Governo da Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos (CIRGL), realizada na semana passada, em Luanda.
Georges Chikoti explicou que Angola, enquanto presidente da Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos, é um parceiro estratégico para o Egipto no processo de levantamento das sanções impostas à RCA e ao Sudão do Sul, países que registaram progressos do ponto de vista da estabilidade política e precisam seguir em frente no processo de desenvolvimento político e social. “A manutenção das sanções acaba por ser prejudicial”, disse Georges Chikoti.
O Comité Regional Interministerial da CIRGL, reunido dois dias antes da Cimeira, saudou o regresso do líder da oposição sul-sudanesa, Riek Machar, para o cargo de Vice-Presidente da República, que considerou um factor fundamental para o sucesso da implementação do Acordo de Paz, assinado a 16 de Agosto do ano passado. Com o regresso do líder da rebelião à capital, Juba, foi possível progredir na implementação de um dos mais importantes compromissos do tratado de paz de Adis Abeba, que era a sua integração no Governo como Vice-Presidente. Hoje, verificado esse pressuposto, o Sudão do Sul espera ver levantadas sanções ao mesmo tempo que são implementadas políticas para consolidar a paz, a unidade e a coesão interna, mas também o desenvolvimento económico.
Na Cimeira, os líderes da região dos Grandes Lagos saudaram a melhoria das relações bilaterais entre as repúblicas do Sudão e do Sudão do Sul e encorajaram os dois países a manterem  “espírito positivo em prol da estabilidade e desenvolvimento”. Quanto à RCA, o Comité Regional Interministerial registou uma evolução positiva, resultante das eleições presidenciais ganhas por Faustin-Archange Touaderá. O país precisa de organizar os seus órgãos de defesa e segurança, um processo que é dificultado devido ao embargo de armas a que está sujeito.
Os Chefes de Estado e de Governo orientaram o Comité a acelerar a implementação da decisão saída da Cimeira anterior, para a convocação de uma cimeira conjunta entre a CIRGL e a Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC), para prestar apoio ao novo Governo da RCA. Os líderes apelaram  à Comunidade Internacional a ajudar o novo Governo, face à situação humanitária crítica, como uma forma de sustentar os ganhos alcançados com a as eleições e o empossamento dos novos dirigentes deste país.
Outro apelo dos líderes vai no sentido de ser levantado o embargo de armas aos país. Os países africanos membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas foram  exortados a ajudar a RCA no  avanço deste processo.
Os Estados-membros da CIRGL devem implementar a resolução da Missão de Avaliação de Peritos Militares da organização e concertarem esforços para neutralizar a LRA e a ameaça causada por esta força negativa na RCA e na região.
Tendo em conta a estabilidade no Sudão do Sul e na RCA, disse Georges Chikoti, o Egipto considera importante as sanções serem levantadas e os demais países africanos, membros não permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas, trabalharem juntos para tornar mais fácil esse processo.
Egipto, Japão, Senegal, Ucrânia e Uruguai foram eleitos membros não permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas para o período 2016-2017 na 70.ª Assembleia Geral da ONU realizada em Setembro de 2015. O mandato de Angola no Conselho de Segurança das Nações Unidas vai até Dezembro deste ano, tal como o da Malásia, Nova Zelândia, Espanha e Venezuela.
Durante este mandato, Angola presidiu, em Nova Iorque, a debates abertos sobre “Paz e segurança internacional: prevenção de conflito e resolução de conflitos na região dos Grandes Lagos” e sobre “Mulheres, paz e segurança: O papel das mulheres na prevenção e resolução de conflitos em África”, e organizou a reunião “Arria Fórmula” sobre segurança alimentar, paz e nutrição.
Para o enviado especial, a presidência de Angola no debate aberto Nações Unidas sobre a Região dos Grandes Lagos reflectiu o seu contínuo envolvimento na promoção da paz e estabilidade na região e para atrair a atenção do Conselho de Segurança e da Comunidade Internacional para os progressos feitos na região.

FacebookTwitterGoogle+