Angola aposta na redução de juntas médicas no exterior

CUITO: PRESIDENTE DA REPÚBLICA, JOÃO LOURENÇO FOTO: LEONARDO CASTRO

CUITO: PRESIDENTE DA REPÚBLICA, JOÃO LOURENÇO
FOTO: LEONARDO CASTRO

12 Setembro de 2020 | 15h38 – Actualizado em 12 Setembro de 2020 | 20h28

O Executivo angolano está apostado na construção de infra-estruturas hospitalares de referência e na formação de pessoal médico e paramédico, a fim de reduzir ou mesmo eliminar as juntas médicas no exterior do país. 

A posição foi assumida este sábado, na cidade do Cuito, província do Bié, pelo Presidente da República, João Lourenço, após inaugurar o novo Hospital Provincial do Bié “Dr. Walter Strangway”, com capacidade instalada de 250 camas.

Segundo o Titular do Poder Executivo, durante décadas, Angola vem enviando para o exterior milhares de angolanos para se tratarem, o que “representa uma despesa bastante grande”.

“Entendemos inverter as coisas, ou seja, os recursos avultados que temos vindo a gastar em hospitais de referência fora de Angola, vamos gastá-los aqui”, disse o Chefe de Estado, adiantando que se vai investir em Angola em hospital de referência do género deste.

João Lourenço afirmou que o Governo estava para inaugurar, ainda este ano, pelo menos quatro importantes unidades hospitalares em Luanda, mas, acrescentou, devido à Covid-19,  “com alguma garantia podemos dizer que, no próximo ano, vamos inaugurar unidades hospitalares”, na capital, em Cabinda e noutros pontos do país.

Localizada no bairro da Caluapanda, a cinco quilómetros a sul da cidade do Cuito (capital da província do Bié), a nova unidade hospitalar, que ocupa uma área de 50 mil metros quadrados, custou 48,6 milhões de Euros, financiados pelo banco francês Société Générale.

O funcionamento do hospital vai ser assegurado por 1.019 profissionais, sendo 96 médicos, 609 enfermeiros, 96 especialistas de diagnóstico e terapêuticos, 141 técnicos de apoio hospitalar e 77 administrativos.

Dentre os profissionais, constam especialistas de nacionalidades angolana e cubana nas areas de Nefrologia, Anatonomia Patológica, Gastroenterelogia, Neurologia, Ortopedia/Traumatologia, Psiquiatria, Intensivista/Anestesia e Reabilitação.

Há também especialidades de Medicina Interna, Pediatria, Cirurgia, Cardiologia, Hemodiálise, Nefrologia, Oftalmologia e Unidade de Terapia Intensiva.

O hospital possui igualmente serviços complementares para exames nas especialidades de Gineco-Obstetrícia, Neonatolgia, Neurologia, Anatomia Patológica, Gastroenterogia, Imagiologia, Psiquiatria, Estomatologia, Otorrinolaringologia, Ortopedia, Laboratório Clínico, bem como um bloco operatório com cinco salas.

Dispõe ainda de uma morgue com serviços de conservação de cadáveres e autopsias, bem como seis residências geminadas, do tipo T2, para acomodação de médicos, estando em vista a montagem de um laboratório de anatomia e fisiologia.

A designação do novo Hospital Provincial do Bié é uma homenagem ao missionário e médico canadiano Walter Earl Strangway, que durante 40 anos (1928 – 1968) trabalhou no Hospital de Chissamba, município de Catabola, a cerca de 52 quilómetros a leste do Cuito.

Walter Earl Strangway, tratado carinhosamente por “Strângula” pelos angolanos, notabilizou-se ao realizar mais de 40 mil cirurgias, algumas das quais melindrosas, e era famoso pelo trabalho com leprosos.

Nascido em Petrolia, Ontario, o médico destacou-se também na formação de enfermeiros, na construção de um hospital com 140 leitos e na criação de 43 centros médicos em algumas aldeias da região.

Pioneiro no sector da saúde em Catabola, Walter Strangway, falecido no Canadá em 1980, notabilizou-se pelo facto de, com poucos recursos, ter prestado um grande serviço à população de Catabola.

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